segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

então é assim...


Durante muito tempo ele foi só preto.
Encaracolado e preto.
Tão preto que muitas vezes se fingiu de azul.
Mas preto pode ser azul?
Tão preto que me fez responder mil vezes que era um preto natural. Como se não pudesse ser.
Mas de repente, um deles resolveu se rebelar. E foi levando muitos outros junto.
E o preto se fez branco.
Branco no preto.
Assim como eu.
Engraçado, a vida vai ganhando cor enquanto os cabelos vão perdendo.
A pele vai ficando mais flexível para combinar com as atitudes.
A vida se renova.
De dentro pra fora.
Ando colecionando dobrinhas.
Em volta da boca.
Em torno dos olhos.
Ando colecionando brancos.
Menos na memória.
Porque essa anda ainda mais viva e colorida com o tempo.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Versário



Cada ano que passa eu fico mais nova.
São os novos amigos que chegam, as novas ideias que se projetam, os antigos pensamentos que mudam.
Fazer aniversário é ter uma festa acontecendo dentro de mim. É como se fosse a segunda-feira para o seu regime, sabe?
O dia de colocar planos em prática, de vestir roupa nova, de fechar ciclos.
Me lembro do meu aniversário da Emília. Do aniversário disco.
Do aniversário sem tema e também daquele bolo de sorvete cercado de todos os meus brinquedos na mesa.
Me lembro da vela improvisada na praia. Do meu primeiro aniversário em São Paulo.
Ao invés de soprar, deveríamos acender velas no aniversário.
Porque me sinto mais acesa com o tempo.
Coisa estranha essa de se apagar num dia de comemorações.
Fazer aniversário é um eterno se encantar.
Com as surpresas, as presenças, os presentes.
Um dia em que todo mundo que você gosta (ou quase todos eles) falam coisas gostosas de ouvir.
Um dia em que todo mundo bate palmas pra você.
E vem aqui comigo: quem não gosta de um aplauso?
De bons desejos?
De ser lembrado?
Amanhã já é o meu aniversário.
E a festa começou há um bom tempo dentro de mim.