Durante muito tempo ele foi
só preto.
Encaracolado e preto.
Tão preto que muitas vezes se
fingiu de azul.
Mas preto pode ser azul?
Tão preto que me fez
responder mil vezes que era um preto natural. Como se não pudesse ser.
Mas de repente, um deles
resolveu se rebelar. E foi levando muitos outros junto.
E o preto se fez branco.
Branco no preto.
Assim como eu.
Engraçado, a vida vai
ganhando cor enquanto os cabelos vão perdendo.
A pele vai ficando mais
flexível para combinar com as atitudes.
A vida se renova.
De dentro pra fora.
Ando colecionando dobrinhas.
Em volta da boca.
Em torno dos olhos.
Ando colecionando brancos.
Menos na memória.
Porque essa anda ainda mais
viva e colorida com o tempo.
Que singelo, que leve...
ResponderExcluirtão leve que me leva
Direto aos brancos cabelos
E ao colorir dos meus dias.