quinta-feira, 4 de julho de 2013
Vício social
Este não é mais um texto sobre o imperativo do momento: o curtir.
Mas ele passeia por ai.
E também passeia pelo postar, pelo acessar, pelo clicar milhões de vezes até um coraçãozinho a mais aparecer.
E em épocas de corações partidos, secos e cinzas, um coração vermelho saltitante faz toda diferença, nenão?
Você tira um foto, escreve um texto, uma frase engraçada e já divide ali com todo mundo.
Mas nunca o dividir foi tão solitário.
Nunca o dividir foi tão esperando o algo em troca.
Você posta e pronto.
Não vai embora nunca mais.
Dá uma espiadinha pra ver se foi aceito.
Lê o comentário mas demora um pouquinho para recomentar.
É tipo o “não ligar no dia seguinte” só para se fazer de difícil.
Mas qual é o tempo ideal?
1 minuto? 15?
As redes sociais são tão confortáveis que a gente chega e fica.
Só mais um pouquinho, só mais uma olhadinha, só mais uma clicadinha.
Ai, mas o papo está tão bom...
Hum, mas eu tenho tudo aqui, nem preciso me levantar pra pegar o controle. Sabe como é?
Daqui, do meu lugar em frente ao computador, eu controlo tudo.
Poucos likes na foto?
Hum, deixa eu trocar a de capa pra ver se melhora.
Como uma espécie de exame oftalmológico.
Assim ficou melhor ou assim?
E por ai vai com o post, com a sua opinião, com a sua popularidade.
Estamos todos online.
Estamos todos nos curtindo loucamente.
Nunca tivemos tantos amigos.
E nunca estivemos tão viciados uns nos outros. Ou seria em nós mesmos?
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