Quisera eu poder ter uma design de interiores só pra mim.
Dessas que me dizem, com toda a segurança, o que fica melhor e onde.
Sabe?
“ - Olha, Anna (sim, a gente dispensaria formalidades), essa saudade não
combina nada, nada, com esse ego todo. Você precisa escolher um dos dois para
harmonizar o ambiente. O que acha de combinar a saudade com o amor? Isso, assim
fica bem melhor, não acha?
- Outra coisa é essa sua mania de
misturar alegria com tristeza. Nunca vi misturar riso e choro neste quartinho
tão pequeno... Tudo bem que um toque de antigo no moderno dá toda uma graça.
Mas, deste jeito que você faz, não dá. Vamos escolher uma linha?”
Ela me diria também que a ansiedade deveria morar na despensa e não ali,
no quarto de dormir.
Já posso escutá-la palestrando sobre a insegurança, essa tão demodê.
“- O último grito em todos os blogs e projetos é a auto-estima elevada.
Mas o metro quadrado custa bem caro... “
“- Não conseguimos encontrar um meio termo, ora bolas?” (adoro ora
bolas)
A culpa ela arrancaria de uma vez por todas. É o tipo de coisa que deixa
qualquer lugar muito pesado, é verdade. Meus ombros sabem bem.
E o que eu faço com o medo? perguntaria logo de cara.
“ – Se você fizer muita questão, se for uma coisa assim de família, a
gente pode deixar como um detalhe na área de serviço, pode ser assim?”
Ela organizaria minhas gavetas, lavaria minhas cortinas e tiraria os
tapetes de lugar.
Poria tudo, tudo mesmo em cabides iguais, em ordem crescente de
sentimentos.
Secaria toda mágoa e me indicaria um potente anti-mofo.
Pronto.
Eu estaria toda arrumadinha e perfumada. Como um poodle acabado de sair
do pet shop.
E daí?
Automaticamente eu me sacodiria toda, como ele, e voltaria pra minha
vida.
Pensando bem, é melhor economizar nessa parte de interior.
Me prefiro bagunçada, descombinada, intensa.
Mas feliz.
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