terça-feira, 25 de novembro de 2014

Devo, não nego. Pago sempre que puder.

Para a Karina eu devo um almoço em um lugar com espaço kids. E também as conversas da infância que não tivemos juntas.
Para a Mari, o jantar a quatro que nunca tivemos, o roteiro pro nosso filme e mais obrigados além dos que já disse ao longo da nossa vida. Fia, serei eternamente grata por tudo.
Para o meu tio, devo as ligações que prometi a mim mesma e não fiz.
Para a Ju, devo as visitas ao Rio e mais encontros além dos de alma que sempre tivemos.
Para a Alice e para a Paola, devo a visita pros pequenos que já já andam, enquanto a vida corre.
Para a Fê, um olhar por trás das nuvens. Esse ano, o tempo não contribuiu. Ainda bem que nos ensolaramos antes dele acabar.
Para a Karine, mais drinks na Augusta.
Pra Gladys, Henna, Beth e Jojo, mais encontros.
Para a Silvia, mais conversas sinceras.
Para a Debs, mais fotos juntas.
Pra Andrea, mais olhares sensíveis.
Pra Dani, o quiabo feito em casa e degustado com palavras doces.
Devo almoços pra Mari, pra Fê, pra Angela, pra Claudia, Day e Caru.
Devo mais visitas pra Lelé.
Mais papos pro alto com a Helena.
Devo uma ida a Floripa pra Candice, que agora espera a pequena Sophie.
Devo um cachorrinho pro Theo e pro Tutu. Mas filhos, Papai Noel continua não trabalhando com animais.
Pra Guga devo um jantar feito por mim. Mas antes, preciso aprender tanto com você....
Pra Camis, um texto que nos conte. Temos tanto a falar, não é?
Pra Luty, uma viagem a Paris. Sempre teremos....
Pra Marcela e Piu, um obrigada.
Pra Mile, devo um “vai dar tudo certo”.
Para a Camila e a Renata, devo toda a minha infância.
Para a Mi e Nazá, o apoio de todo dia.
Para a Ana, o apoio fundamental do primeiro dia.
Não devo o que sinto porque o sentir não cabe em mim. Voa.
Assim como os “Eu te amo” que saem sempre que acontecem. E têm acontecido tanto....
Devo ter esquecido outros deveres e dívidas. Quem não?
É, a vida tem sido assim.
Porque parece que quando mais se tem, mais se deve.
Por que?

terça-feira, 18 de novembro de 2014

cursando você

Ontem você veio todo feliz nos mostrar a sua letra cursiva.
Sua mãozinha pequena desenhava seu nome sem nem respirar.
E depois do tracinho no t você subiu o olhar procurando a nossa aprovação.
Elogiamos você, mas mostramos que o h poderia ser melhor, como achamos que deveria ser.
Mas você não gostou e chorou à beça, sabe?
A gente se olhou e, no silêncio, nos perguntamos se deveria ter sido diferente.
Será que nesse começo devemos sorrir e dizer que está lindo?
Mas e depois?
A gente não encontra só sorrisos pelo caminho, filho.
Deveria ser assim, concordo. Mas a estrada é feita de carinhas nem sempre tão legais. Não é bom você saber desde já?
Não sabemos.
Educar não é uma cartilha pronta dentro da gente.
Estamos aprendendo com você.
Acredite, é tão difícil...
Pra você também é, sabemos. Depois de chorar e chorar,
você nos pediu pra ficar sozinho.
Obedecemos.
Mas a mamãe foi dar uma espiadinha e você estava lá, treinando h.
Tão maduro, o meu menino.
Chegamos mais pertinho e você veio com uma alegria desconfiada nos mostrar a sua evolução.
E a gente comemorou.
Você sorriu com os olhos e nos mostrou que ficou tudo bem.

É isso, filho. Enquanto você aprende sua letra cursiva, a gente aprende a ler você.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

reformando

A parede de tijolinho deixou aparente as nossas vontades.
Já a de concreto abriu espaço para as nossas delicadezas.
Amo quando nossas contradições se complementam.
Fazendo brotar nossas cores e história.
A porta de correr derrubou paredes e reapresentou nossos olhares.
Nossos pés agora caminham por um chão bonito, cor sim, cor não.
E a gente flutua pelos nossos sonhos.
Berinjela com amarelo com vermelho e azul.
E crianças correndo pela sala misturando tudo, bagunçando tudo, criando nossa própria paleta.
Madeira de demolição para lembrar que o perfeito não existe.
Papel de parede para nos cobrir de aconchego.
E uma banheira para nos deixar de molho, enrugando nossas ansiedades.
5 meses depois, a casa tá linda.

E a gente continua em construção.