quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Para você, meu filho




Filho, hoje você faz 1 ano.
Chegou em dezembro, como um presente antecipado de Natal e fez a gente ter um ano novo inteirinho a cada dia.
Fez o seu irmão virar um homenzinho e o seu pai, sempre tão calado, demonstrar um amor que nem sabia que cabia ali dentro.
Você mudou a casa, mudou nossa rotina.
Trouxe de novo os brinquedos esparramados pelo chão, o cheiro de papinha na cozinha, o barulho de babá eletrônica na casa.
1 ano, meu filho, é tanto para quem está aprendendo a ver o mundo pela primeira vez.
Você já fala babá, papá, mas ainda não fala mamã.
Você já caminha segurando nas coisas, mas ainda não teve coragem de dar o seu primeiro passo.
Você, que outro dia me mandou um beijo agradecendo um cuidado na madrugada, hoje me deu um abraço apertado e bateu palminhas pelo seu aniversário.
Você, tão pequeno, já sabe mostrar o que gosta, do jeito que gosta.
Gosta de comer carninha cortada bem pequenininha, mas não gosta de mandioquinha.
Gosta de tomar seu tetê quentinho, mas não gosta de nenhum suco. Gosta de dormir de chupeta e fraldinha fazendo carinho no rosto.
Gosta de dormir abraçadinho, de brincar com seu irmão e de ir pra la e pra cá no colo do papai.
Ama passear e não gosta nada nada de dormir. Já está mostrando, desde muito pequenininho, que vai ser da noite e adorar baladas.
Isso já me preocupa um pouco, meu filho, mas ainda vamos ter muito tempo pra nos entender.
Hoje você faz 1 ano.
E o amor que eu sinto é de uma vida toda.

Com muito amor,
Mamãe.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Ontem eu vi a luz




Sabe um dia em que tudo deu certo? Foi ontem.
Fazia tempo que essa palavra não aparecia por aqui, ne não?
Ontem o enjôo resiolveu dar uma trégua, o Arthur resolveu parar de chorar, o Theo de fazer birra e, bem no final do dia, o telefone tocou: era uma babá querendo o emprego.
Marcamos dela vir ontem mesmo aqui e, assim que ela chegou, adivinhem? O Arthur,que desde o dia que chegamos não ia no colo de ninguém, se jogou no colo dela.
Pronto. Já estava contratada.
E pra melhorar ainda mais o dia, depois de muitos sem comer, descobri finalmente que o Arthur ODEIA comidas pastosas e AMA tudo em pedacinho. Era o que faltava para ele comer tudinho e pra mamãe ficar feliz da vida. Precisava levar 4 meses pra eu descobrir isso?
Acho que até o meu feeling andava desligado.
É gente, parece que o espírito de Natal resolveu finalmente baixar aqui em casa. E no corpo da santa babá Elaine.
#Oremos
#Deusépai
#IssoédeDeus
#XôZica

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um apêndice na minha vida.




Ontem eu parecia uma velha andando. Hoje pareço uma velha caquética.
O dia foi tranquilo na medida que poderia ser.
O Arthur chorando pra vir no meu colo, o Theo fazendo de tudo pra chamar atenção, um antibiótido de 12 em 12 horas e enjôo, muito enjôo.
A dor eu até agüento. Mas o enjôo é que me mata.
Me lembra muito o que eu sentia nos primeiros 4 meses de gravidez. Mas naquela época eu estava com um bebê na barriga. Hoje, estou sem o apêndice.
Quando eu perguntei la no hospital pra que servia esse órgão, a enfermeira riu e disse que só servia pra dar apendicite.
Ah, que bacana.É quase um erro na hora de fabricação que resolve dar defeito justo quando a gente menos precisa que ele exista. Faça-me o favor!
E se as enfermeiras soubessem que piadas não são bem-vindas quando você está com dor, vomitando, quase desmaiando ou tendo um treco, elas também achariam por bem obedecer o aviso que está em todo hospital:
por favor, faça silêncio.

domingo, 18 de dezembro de 2011

O ano acaba quando mesmo?




Dezembro me deixou mais uma cicatriz.
Sexta-feira acordei com uma dor estranha na barriga. Parecia dor de estômago.
Tomei um remedinho e nada. Junto com a dor, veio também um enjôo.
Junto com a dor e o enjôo, um bebê de 11 meses, com infecção na garganta, que só queria saber de colo.
La pelas 13h00, fiz o Arthur dormir e achei que também ia tirar uma sonequinha.
Mas a dor só aumentava. O vômito também.
Liguei pro eu irmão, deixei o Arthur com a funcionária da minha mãe e fui pro hospital. Meus pais estavam no sítio com o Theo. Levaram ele pra eu descansar um pouco.
A saga aos hospitais de Goiânia vale um outro post.
Pois bem. Depois de algumas horas rodando, cheguei em um que parecia confiável.
Já da pra imaginar como eu estava de dor, não é? Branca, vesga, praticamente uma corcunda moribunda gorfenta.
Consegui que me atendessem logo. Exame daqui, sangue dali, ultrasson e o diagnóstico: apendicite quase supurando.
“Tem que operar agora”, disse o médico. “ Vamos internar você e sua cirugia vai ser às 19h00”.
Isso eram 18h00. E eu estava sozinha num hospital que eu não conhecia e ia ser operada por um médico que eu nunca tinha visto na vida.
Meus pais estavam vindo pra Goiânia, o Arthur em casa com a Maria, meus avós viajando e o Rafa em São Paulo.
Eu chorava, tremia, ligava, fazia os procedimentos pra internação, tirava todos os metais do corpo e já subia pra sala de cirurgia.
La não é que eu tremia. Eu pulava na maca.
Estava com medo, claro. Mas sentia um misto de pena de mim mesma, preocupação com os meninos em casa e dor.
O médico conversou bastante comigo e descobrimos que ele era amigo de longa data do meu pai.
Isso me deixou mais tranquila.
Saí da sala de cirurgia e meus pais já estavam no quarto. Depois de 2 dias no hospital, fui pra casa.
Não posso pegar os meninos no colo, não posso comer nada gorduroso e nem dirigir.
O Arthur faz 1 ano no dia 21 agora. Me lembro que nessa mesma época com o Theo, quebrei o pé e tive que por pinos.
Os meninos aprendem a andar justo quando eu não posso. Isso deve ter algum motivo.
Ainda não sei qual é.
Fazer repouso quando seus filhos estão na fase de maior movimento deve ter algum significado.
Espero, de verdade, não ter que passar de novo por isso pra descobrir.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

3 anos.




Ontem eu olhei para o Theo e percebi que ele ainda é um bebê.
O nascimento do irmão fez dele um menininho esperto, desenvolto e comunicativo. Ele cresceu bastante no último ano, é verdade. Mas não do jeito que eu imaginava.
Não dá pra esperar dele paciência, ajuda, compreensão.
Nem dá pra achar que ele vai entender que agora eu não posso brincar porque tenho que fazer o irmão dormir ou dar mamá ou trocar a fralda.
Ou que agora eu não posso dar a comidinha, a gelatina, a fruta na boca porque tem um outro pequeno esgoelando de fome.
Fiquei nervosa com ele muitas vezes por isso. “ Theo, agora você é um menino grande e precisa ajudar a mamãe a cuidar do Arthur.”
“ Theo, você que é um hominho, não pode chorar.”
“Fala baixo, Theo. Seu irmão está dormindo.”
“Theo, o que está acontecendo? Quem é o bebê nessa casa? Você ou o Arthur?”
O que eu demorei um pouco pra perceber, ou preferi não enxergar, é que durante esse tempo todo eu tive 2 bebês em casa.
A diferença de 2 anos e 7 meses entre eles não fez do Theo um mini adulto de uma hora pra outra.
Graças a Deus. Minis adultos são o que eu menos tolero hoje em dia.
Ele ainda precisa de colo, de aconchego, de um cuidado visto de perto.
Claro que ele não é mais um bebê gugu-dadá. Mas é uma criança de 3 anos, quase, quase saindo da fase bebê.
Ele não usa mais fralda e nem chupeta.
Mas dá birra, chora, responde e faz manha. Tudo pra chamar a atenção.
E conseguiu.
É um bom começo para uma criança de só 3 anos.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A lei de Murphy e o xixi




Ontem o Arthur fez o primeiro exame de sangue da sua vida. Fiquei morrendo de dó daquele bracinho micro sendo furado por um agulha mais micro ainda. Ele chorou, eu olhei pro lado e pronto. Feito.
Mas o que está dando trabalho, trabalho mesmo, é o tal exame de urina.
Eles te dão um coletor, você coloca no pipi, senta e espera. O problema é que o tal coletor de merda (é de xixi, mas a raiva faz ele virar de merda) só vale por 30 minutos. Dai, meu bem, você tem que trocar. E tem que repetir todo o procedimento lavaamãoesterilizaopipicolocaocoletorsentaeespera. E nesse procedimento ja aconteceu de tudo: xixi na cara, xixi na roupa, quase arranca a pele do saco, coletor colocado errado e xixi na fralda, mas ainda não aconteceu o tão esperado XIXI NO COLETOR.
Ficamos ontem a tarde inteira tentando. E hoje a manhã inteira também.
Ja dei água, água de cocô, já coloquei ele voltado pra Meca no berço, já fiz massagem na bexiga, a dança do xixi goiano e nada dele sair.
Fico aqui pensando: será que esse Murphy maldito mata a sede com xixi?
Ai, ta vendo? Já deu meia hora de novo e eu vou ter que ir la trocar o coletor.
Espero não levar mais um jato na cara.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ontem eu visitei a minha infância




Depois de 33 anos, voltei ao meu pediatra. Dessa vez para levar meu filho.
A vida é mesmo cheia de surpresas.
O médico que cuidou de mim desde que eu nasci, agora cuida do meu filho que está há 5 dias com febre.
Foi emocionante vê-lo emocionado ao me ver. E foi mais gostoso ainda ouvir que eu continuo com a mesma “carinha” de sempre. Será?
Eu que tive tanta febre, tive até convulsão por febre.
Ele que já me deu banho gelado, com pedras de gelo mesmo, pra ver se a febre abaixava.
Agora a gente se encontra pelo mesmo motivo. E ele que tantas vezes já acalmou a minha mãe nas madrugadas, hoje me dava o seu apoio fiel de sempre.
Disse que depois que cuidou da gente, se especializou também em gastro.
Mais uma ironia da vida: meus filhos têm alergia alimentar e ele me deu muitas dicas.
Essas férias estão sendo muito especiais. Mesmo com o cansaço absurdo, cuidando quase sozinha de 2 filhos, acordando de hora em hora nas madrugadas, com olheiras no pé, eu estou feliz.
Me sinto resgatando algo que ficou por aqui quando eu fui pra São Paulo. Me sinto mais mãe, mais próxima dos meninos.
Estou dando muito colo (os choros do Arthur não me deixam mentir) e me pegando no colo também.
E hoje, vendo aquele médico tantos anos depois, eu chorei. Ali mesmo no consultório.
Acho que além da carinha, eu continuo a mesma chorona de sempre.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Uma irmã que nasceu dentro de mim





Ontem eu me emocionei lendo um texto que me pegou de surpresa.
De uma amiga que antes de ser amiga, já era irmã. Mas que, como em alguns casos que a gente escuta muito por ai, a gente só se conheceu bem mais tarde.
Foi por causa dela que eu continuei em São Paulo. Se não fosse ela me arrumar um emprego numa época em que ou eu me sustentava ou teria que voltar, teria voltado. E talvez não tivesse hoje os meus 2 filhos e o meu marido.
Foi ela que me ensinou que as vacas são as melhores amigas que alguém pode ter na vida. Porque de tanto me deixar esperando na nossa infância tardia, ela virou a minha vaca preferida.
Foi ela que me colocou um terço na mão enquanto eu entrava em trabalho de parto.
Me emprestou sua família, tantas vezes seu ouvido e o seu colo cada vez que eu pensava em desistir.
Foi minha madrinha de casamento e hoje é madrinha do meu filho.
Me viu dormir tantas vezes em pé na balada e me levou de volta pra casa, porque sabe e respeita o meu não gostar da noite.
Ao lado dela eu continuo sendo a menina de cabelo comprido, de sotaque arrastado, com preguiça de abrir uma cadeira de praia ou uma lata de leite condensado.
Alias, foi ela que me ensinou que canhotos podem abrir latas. E assim, eu aprendi, para ajudar ela a fazer uma de suas comidas preferidas: estrogonofe.
A gente tem o mesmo nome, o mesmo amor por nossas avós e gostos contrários.
Ela sempre quis ter um menino. E eu, uma menina.
Ela gosta do sóbrio, eu do que aparece.
Ela prefere saltos e eu, pés no chão.
Hoje somos mães de meninos. 3 irmãos. Que dessa vez se conheceram logo que nasceram.
Sou Anna Karina.
Em São Paulo me chamam de Anna. Em Goiânia, de Karina.
Tenho certeza que te conheci, minha amiga, para não esquecer de onde eu vim.
Porque ao seu lado, minha essência é mais forte.
Amo você.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ele ainda não fala nada. Mas ontem disse tudo.




Hoje eu não vou falar nada sobre ontem. Mas sobre o que aconteceu durante a madrugada.
As 4 da manhã o Arthur acordou chorando. Fui pegá-lo no berço e já vi logo que o meu menino continuava com febre. Muita febre.
Peguei ele no colo, tirei a temperatura, dei remédio, dei água e coloquei ele deitadinho comigo na cama pra esperar o bichinho que deixa a gente quente ir embora. E ele não ia.
Depois de mais de 1 hora esperando, resolvi fazer uma mamadeira pra deixar a madrugada mais gostosa (pra ele, não pra mim).
Ele tomou o tetê, enquanto fazia carinho no meu braço. Medi de novo a temperatura e UFA! Vencemos.
Coloquei ele de volta no berço, a chupeta na boca, a fraldinha fazendo carinho no rosto e, quando fui me deitar, ele se sentou, tirou a chupeta da boca e me mandou um beijo daqueles bem barulhentos e demorados.
Passou o sono, o cansaço, a irritação. Foi o obrigado mais lindo e emocionante que eu já recebi na vida.

domingo, 11 de dezembro de 2011

48 horas




Ontem foi um dia que emendou no hoje e não parou até agora.
23h30 fui dar o último mamá pro Arthur, como faço todos os dias, e senti que ele estava quentinho. Coloquei o termômetro e pá: 39,5 graus.
Dei remédio e continuei dando de 3 em 3 horas durante a noite inteira. A febre não baixava de jeito nenhum. Lá pelas 2 da manhã, quem resolveu fazer companhia pra gente? O Theo.
Sim, ele acordou e achou que já era hora de brincar. E ficou la até umas 3 e pouco.
E o ontem continuou firme e forte. Levamos o Arthur no médico e descobrimos a causa da febre: infecção na garganta. De novo, para fazer companhia pro irmão, o Theo também ficou doente. Claro. O nível de dificuldade nunca pode ser 1.
Antibiótico no Arthur, anti-inflamatório no Theo e o ontem foi ganhando cada vez mais cara de hoje.
E teve parquinho, passeio de carrinho, banho de piscina, ida à lanchonete, DVD na Tv. Teve até um quase cochilo da mamãe. Mas o Arthur logo acordou e a mamãe estava ali, sempre alerta.
Teve medo também. Quando meus meninos ficam doentes, molinhos de febre, eu fico quietinha, olhando pra eles, só fazendo carinho. Dá um medo danado de não saber como cuidar direito. Mas o cuidar não vem do saber. Vem do sentir. E ele sempre vem.
Ontem foi um dia difícil. Mas ele amanheceu.
E as dificuldades amanhecidas sempre podem contar com a luz do sol.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Da babá à bunda





Ontem foi o dia que a babá pediu demissão e que eu mostrei a bunda pro Papai Noel.
A demissão da babá não preciso explicar aqui. Já exemplifiquei com motivos suficientes.
Mas a bunda, eu explico.
Tive a brilhante idéia de ocupar o meu tempo e levar as crianças ao shopping para tirar uma foto com o Papai Noel.
Fomos os 3, minha mãe e minha avó. Tudo estava lindo, inclusive a foto que tiramos. Não posto aqui porque não trouxe o cabo pra descarregar a câmera.
Os meninos não choraram, o bom velhinho até que era jeitoso, a barba de verdade e coisa e tal. Até que um infeliz de um cinema 6 D estragou a tarde que tinha tudo pra ser uma das melhores até agora.
O Theo quis entrar, eu disse que não, ele disse eu quero AGORA e dai o bicho pegou. E se tem uma coisa que eu aprendi depois que tive filhos é: nunca tente discutir com uma criança quando ela está no meio de uma birra.
Pois ontem eu tentei fazer isso de novo (será que aprendi mesmo?) e o exu mirim voltou a atacar. Ele se jogava no chão, levantava, estribuchava, gritava mais alto e quando eu tentei segurar o menino, adivinhem? Ele puxou a minha calça e eu mostrei a bunda pra todo mundo ali, inclusive para o Papai Noel.
A minha vontade era espancar aquele ser ali mesmo. Mas respirei fundo, subi as calças, peguei o Arthur no colo e saí andando.
Pena que não encontrei o saco do Papai Noel para enfiar na cara.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Parabéns pra mim



Ontem foi aniversário da minha mãe e viemos antes pra passar o dia com ela. Combinamos de sair pra jantar de noite e, como a monga da babá não conseguiu cativar os meninos, tivemos que levar os 2 junto.
Foi uma bizarrice sem limites.
Depois de 30 minutos escutando o Arthur chorar, decidi trazer ele em casa.
Era só dar um banho, um mamá e pronto. Ele ia dormir e eu voltar pra festa.
Mas claro que não foi tão simples assim né? O sono insuportável que ele sentia no restaurante foi pro ralo junto com a água do banho. Dei mamadeira, coloquei no berço, peguei no colo, ninei, coloquei de volta no berço, cantei, rezei e quando ele estava quase, quase dormindo, meu irmão entrou no quarto pra avisar que teve que trazer o Theo que também estava chorando de sono.
Pronto. O Arthur acordou, eu fui trocar o Theo, o Arthur chorou, meu irmão tentou ajudar, o Theo dormiu, meu irmão voltou pra festa, o Arthur despertou e eu, adivinha? Chorei.
Mas não é que eu chorei assim, como em cena emocionante de novela. Eu urrei.
Chorei por tudo que eu ainda não tinha chorado nesse mês.
Chorei pela birra que o Theo fez na rua, chorei pela babá de férias, chorei pelas noites sem dormir, chorei pela babá que assistia a tudo do sofá, enquanto também assistia a novela, chorei por ter perdido o Rene beijando o Pereirão, chorei pelo meu tio desempregado, chorei pelo outro tio na UTI e chorei por não estar comemorando o aniversário com a minha mãe.
Dai o Arthur achou engraçado o barulho que eu fazia chorando e começou a rir.
Daí que eu achei isso a graça mais engraçada do mundo e ri também.
E pronto. Do nada, minha noite virou uma festa.
E eu vi que a gente pode encontrar uma gargalhada perdida no meio do choro.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

é pra rir ou pra chorar?





A babá entrou de férias, a funcionária continua de licença médica e eu vim pedir arrego em Goiânia.
Não sei se a idéia vai ser boa, mas chegamos aqui ontem com 3 malas, 1 sacola cheia de brinquedos, 1 carrinho, uma criança de 3 anos, 1 bebê de 11 meses e um calor de 40 graus.
A babá que a minha mãe contratou pra me ajudar parece que veio passar férias por aqui também.
Quer um exemplo? Olha só a pro-atividade da belezura: “Arthur, vem aqui, vem, deixa a sua mãe descansar.”
Alô, o Arthur tem 11 meses?

De cara, já soltei: “Olha, meu bem. Acho que você não percebeu, mas ele ainda não sabe andar. Você ficar ai sentada, chamando ele, não vai resolver nada, hum?

Depois pedi pra ela lavar as mamadeiras e a belezura me diz: “você me ensina?”

MEU DEUS DO CEU.
Onde estão as câmeras? Tô participando de uma pegadinha edição especial de dezembro e não tô sabendo?

Agora mesmo, enquanto escrevo este texto com o Arthur no colo e o Theo me chamando pra brincar, ela está ali, sentada, lendo jornal.

Acho que minhas férias (férias????) vão ser reparadoras.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Um leitinho pra mamãe não chorar



Ontem foi o dia de mamar nas tetas do governo.
Perceba: meu filho é alérgico alimentar e só pode tomar leite à base de aminoácidos livres, o que significa leite importado e muito, muito caro.
Cada lata custa R$ 430,00. Uma lata dura 3 dias.
Fez a conta?
Pois bem.
O governo de São Paulo fornece essas latas todo mês. Você passa por uma burocracia bizarra e pronto: está apta a 1 vez por mês enfrentar 3 horas de fila para pegar o seu ouro em forma de pó.
Fiz isso por 2 anos com o meu primeiro filho. Sim ele também era alérgico.
E sim, o raio caiu 2 vezes na minha casa.
Agora estou fazendo ha 1 ano com o segundo.
Funciona assim: você chega no posto Maria Zelia o mais cedo que o seu olho conseguir abrir, entra numa fila e pega sua senha para uma outra fila.
E dai você pode escolher o que fazer: conversar com a pessoa que sentou do seu lado (isso quando conseguir sentar) e descobrir que o problema dela é maior que o seu, inventar uma outra personalidade pra você (eu sempre sou a Vanessa e vim da Móoca), fazer a intelectualizadanãovoumemisturar e ler o seu livro, ficar pelas redes sociais do seu iphone e ignorar as mazelas do lugar ou fazer a muda e não conversar com ninguém.
Como eu gosto de interagir, faço tudo ao mesmo tempo: entrevisto as pessoas no local, passeio pelo iphone, faço amizades e descubro remédios que eu nunca ouvi falar na vida.
Tem gente muito simples, necessitada e bacana nesse lugar.
Mas tem também os que ficam na porta pra roubar os remédios e leites das pessoas que saem.
Sim, meus queridos, os abutres estão em todo lugar.
Ontem eu tinha resolvido não entrevistar ninguém. Só passear pelo meu iphone. Mas bem na primeira fila ele caiu no chão e piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, perdi o elo com o mundo digital.
Fiquei perdida. O que fazer? Bem no dia que a minha senha era 5478 e eu tinha mais umas 3 horas de fila?
Consegui um lugarzinho, sentei e o Sr. Valdemir que puxou o papo:
- “ Isso ae é uma máquina, ne? Faz tudo?
- Sim, faz. Mas ele acabou de estragar.
- “Ixi, menina. Tecnologia é assim mesmo. Quando a gente precisa, pumba. Faia. Cê mora aqui perto?”
- Sim, na Mooca e o sr?
- “Na penha. Vim aqui buscar um remédio pra diabete. Mas num é pra mim não. É pro irmão”.
E conversamos durante horas. Juntou-se a nós a Vanda, o José, o sr.Renato e o papo correu solto.
Chegou a minha vez, peguei as minhas latas de leite e vim pra casa.
De carro, no ar condicionado.
A minha Móoca era um pouco mais longe do Belenzinho.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Vovó surfistinha




Estava em Goiânia nas férias passadas e resolvi fazer um agrado pra minha avó: levá-la ao cinema.
Mas como ela não gosta de ler legenda, o filme tinha que ser nacional. Eis que tive a brilhante idéia: vamos ver Bruna Surfistinha. Por que não?
A sessão estava lotada de adolescentes. Sentamos numa poltrona la no meio e só me toquei na besteira que eu fiz quando o filme começou.
Imagine a cena: eu, minha avó, adolescentes e uma cena de sexo atrás da outra ali na tela. A mulher dando pra todo mundo, minha avó me olhando com cara de espanto e eu querendo me esconder ali embaixo da cadeira.
E o pior de tudo é que ela comentava cada cena: “noooossa, nininha, olha isso. Na minha época não tinham essas coisas feias não.”
“Nininha, meu Deus. Que vergonha. Você também faz isso?”
“Nossa, mas ela vai chupar mesmo? Geeeeente...”
“Nininha, você faz isso, eu sei”.
“Gente, mas ela vai se deitar com esse outro também? Com essa fila toda?”
“Esse mundo tá perdido mesmo. Como é que o marido dessa Débora deixou ela fazer esse filme? É por isso que ele se separou dela. Que pouca vergonha.
“Se você não está espantada é porque também faz essas coisas, ne?”

Vamos embora, vó?
“Eu não. E a vergonha? Nós só vamos embora quando todo mundo sair do cinema. Ai, Meu Deus. Com que cara eu vou olhar pras pessoas?”
“Olha, não conta pro seu avô que a gente veio ver esse filme viu?”

Depois de 15 horas o filme acabou. Esperamos todo mundo sair do cinema, como o combinado, e só daí levantamos. A minha avó encabulada, olhando pra baixo de tanta vergonha e eu, já rindo de toda a situação.
Quem levaria uma avó pra assistir Bruna Surfistinha?
Só eu mesmo.
Mas sabe o que foi melhor que ver Bruna Surfistinha com a minha avó? Foi ver o filme com as legendas dela.
Impagável.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

E ser criança, pode?




Ontem foi o dia que eu desejei que todos os velhos do meu prédio morressem.
Perdão aos politicamente corretos, mas quando a gente está com raiva vale tudo: inclusive desejar isso.
Explico.
Moro num lugar legal, badalado, bonito. O prédio é bem cuidado, tem um jardim bacana e um espação para correr e ser feliz.
Mas descobri que tudo isso é só fachada pra impressionar.
Tenho 2 filhos pequenos, um de 3 anos e outro de 11 meses. E eles gostam de brincar, correr. Gostam de ser crianças. E isso virou um problema aqui no meu prédio.
Explico de novo.
Aqui não tem área de lazer, não pode andar de bicicleta, nem brincar de bola.
Mas pode andar de andador, pode arrastar o pé, pode fazer cara feia pro barulho.
Meu filho convidou uns amiguinhos pra brincar em casa ontem. E quando viram o espação la embaixo, quiseram ficar por la.
Mas logo veio o zelador dizendo:

“Ô donaAnna, nupodenão, hein”.

O que não pode, Samuel?

“Nupodebrincá aquiembaixonão, hein?”

Meus filhos não podem brincar no prédio?

“nuéquenupode. Sóeleseababápode. Mascomosamigonumpode, hein?”

Posso saber por que?

“puqueosmoradordaquinumgostamdebarulhonao, hein?”

Eu fiquei histérica. Blasfemei contra tudo e contra todos, gritei pro prédio todo ouvir:

“Eu quero que os velhos desse prédio morram. Todos eles.”

Peguei as crianças (assustadas com a braveza da tia) e subimos todos aqui pra casa.
Enquanto eles brincavam livres, como criança deve ser, eu sentei no meu computador e escrevi uma carta para entregar aos poucos pais que habitam esse lugar.
Ok, ok, pode ser exagero da minha parte.
Estar em casa tem me feito ver tudo que acontece com uma lente de aumento.
Mas adulto que esquece que já teve infância um dia me irrita profundamente.
Mas sabe o que me irrita mais?
Gente que fica o tempo todo falando que se eu tivesse trabalhando não teria tido essa reação.
Não estou aberta à críticas.
E, antes que eu me esqueça: que morram todos os velhos rabugentos e os novos cheios de opinião pra dar.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Alô? Patia?




Ontem foi um desses dias que começou bem e terminou bem. Mas o durante foi um show de bizarrices à parte.
Acordei com um abraço mais que apertado do Theo (meu filho de 3 anos). Isso nunca acontece e bem no dia que acontece, preciso levá-lo pra fazer exame de sangue.
Tudo bem. Sangue tirado, choro derramado, voltamos pra casa. Corre daqui, arruma dali, filho pra escola, eu pra uma consulta médica.
O “seudotô” me pediu um exame, corri pra fazer o exame e o que? Não, senhora, a senhora precisa estar estando 2 horas sem urinar.
Eu não estava estando com nada. Só com muita raiva.
Respira, faz cara de simpáticavoutematar e vai embora.
14h30. Ufa, ainda dá tempo de correr pra tentar arrumar o celular que me deixou na mão antes do rodízio começar.
Chego na Tim e procuro um homem pra me atender. Sim, odeio falar de celular (e principalmente de iphone) com uma mulher. Nenhum homem. Vai a mulher mesmo.
Senhora, precisa pegar a senha pra abrir um blablabla (nessa hora eu nem estava escutando mais)
Pego a senha, espero a minha vez.
-Por favor, qual o twitter da tim?
-Não sei, senhora.

Pra um outro atendente:
-por favor, o twitter da Tim?
-Não sei.
-E você, sabe?
-Não
-Como assim não sabe o twitter da Tim?
-Senhora, eu preciso saber sobre o meu serviço e não sobre o twitter da Tim.
-Respira, respira pra não dar uma de louca nesse recinto.

Sou atendida. Ele abrem uma ordem de serviço e eu preciso esperar 15 dias pra entrarem em contato comigo para arrumar o meu iphone na garantia. Se é uma ORDEM, por que demora tanto?


-Ta, e enquanto isso vocês me emprestam um aparelho?
-Não senhora.
-Então me vê o mais barato que você tiver pra eu comprar.
-Nossa, a senhora vai estranhar bastante. Ta acostumada com o iphone...

Penso: cala essa sua boca que eu não vim aqui pra ouvir a sua opinião.
Mas só penso. Pra que falar, não é mesmo?


Pego o celular, volto pra casa e, no caminho, mando umas mensagens. Mas o novo celular é daqueles que gangrenam o dedo toda vez que eu precisa digitar o texto, saca?
Pois bem.
Sorte a minha que o meu dia não ia terminar assim.
Ainda tinha uma festinha super bacana com antigos amigos.
Mas antes disso, na porta de casa, esperando o elevador, o que acontece?
As 12 cervejas que estavam bonitinhas dentro da caixa despencam e saem rolando pelo hall.
Ok, respira, respira.
Terminei o dia bebendo todas elas com os amigos.