quarta-feira, 30 de julho de 2014

acordou com as galinhas. eu cantei de galo

essa noite, o Arthur acordou.
Arthur é o meu filho de 3 anos e meio que insiste em dormir como se ainda tivesse 4 meses.
levanto e vou até o seu quarto ver o que acontece.
voltamos os 2 para a minha cama.
ele dorme.
eu não.
levanto para tomar um copo d'água.
na volta, entro pela porta.
só que era uma parede.
fim.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Este lado para cima


Este looping não estava aqui quando eu entrei.
Eu tinha acabado de sair do elevador. Mas, ainda assim, seria capaz de perceber esta pequena saliência bem no meio da minha reta.
Tudo bem que antes tinha girado na xícara maluca.
Nada me é tão contraditório quanto ela.
Xícaras combinam com mãos delicadas à espreita de lábios doces.
Mas eles já tinham mudado de sabor quando eu entrei.
Eu só queria dar uma sacudida.
Andava tão empoeirada....
Mas eu seria capaz de jurar que este looping não estava aqui.
Eu não entraria neste carrinho, se soubesse.
Mas olha só, é tudo tão pequenininho visto daqui de cima.
E este vento, ahhh que bom.
Faz frio. Não me lembrava de gostar do frio.
Eita.
A curiosidade me convém.





segunda-feira, 28 de julho de 2014

7 passos do paraíso

Eu não tenho como escapar. Uma vez por mês me presto a isso.
E já começo a sofrer dias antes.
Tem gente que ama.
Tem gente que não se importa.
Eu faço parte daqueles que odeiam com todas as forças que ainda restam no fim/início do mês. Chego em casa e ela está lá: longa, detalhada e com vários cifrões no final.
A terrível lista de compras de mês.
Só de ver já me dá arrepios. Mas não tem jeito. Respiro fundo, coloco ela no bolso e parto para mais esta missão.
Não sei você, mas acho a coisa menos inteligente do mundo a logística da compra.
Me acompanhe.
Você passa algumas horas colocando tudo dentro do carrinho.
Depois, fica outras na fila.
Daí tira tudo do carrinho e coloca na esteira.
Depois, vai embalando que nem loucarapidamentesemrespirar e coloca de volta no carrinho.
Ufa, uma etapa acabou. Mas continue comigo.
Você sai cambaleando, tentando levar o carrinho e todas as compras até o seu carro.
Já reparou como você sempre escolhe o carrinho com algum tipo de problema que vai emperrando no caminho?
Você não?
Pois eu sim. Sempre.
Ah, e também sempre passo com o carrinho em cima do meu próprio dedinho. URRRRRRG!
Bem, depois de não conseguir frear o dito na descida, quase atropelar a senhora com a criança, você chega no seu carro.
E coloca todo o conteúdo do carrinho lá dentro. Nessa hora, pouco importa se o pesado está embaixo ou em cima. A caixa de leite vai bem em cima do pacote de salgadinhointegralsabormetiralogodaqui.
Todo o cuidado até agora se perde na vontade de chegar logo em casa pelo amor de Deus.
Ok, a compra acabou.
Mas não o trabalho.
Você chega em casa e tem que colocar tudo de novo dentro do carrinho.
E depois, tirar tudo de dentro do carrinho e colocar na sua casa.
E fim?
OBEVEO que não. Agora você tem que organizar tudo bonitinho no seu armário que foi feito e pensado e projetado para as suas compras de todo mês.
E daí depois de tudo isso você jura e promete que no próximo mês vai fazer suas compras do mês online, custe o que custar.
Mas no mês seguinte você quer e precisa economizar e até começa a achar que tudo bem passar por todo esse processo, afinal é só 1 vez por mês e, no fim, pode ser até legal essa experiência de tirar e por e tirar e por.
São só 7 passos para alimentar toda a sua família.
S-E-T-E.
E você sempre pode deixar a sacola cheia de chocolates por cima de tudo.



sexta-feira, 25 de julho de 2014

sobre rótulos e pensamentos

Sabe quando você tem dificuldade de encaixar uma peça no quebra cabeça que já montou 1000 vezes?  Foi assim que eu me senti quando ouvi a expressão “Design Thinking” pela primeira vez.
Enruguei a testa (como sempre faço em situações assim) e afastei a cadeira. “Peraí, deixa eu tentar entender o que é isso?”
Hum, não é só uma expressão. Hum, tem livros ensinando sobre isso? Hum, tem escolas ensinando a pensar o Thinking? Hum, tem gente dando workshop sobre isso.”
Mas que porra é essa? Foi a minha pergunta, com todo o respeito do mundo apesar do porra, pra um dos entendidos do assunto.
E ele me explicou. E, na hora, me emocionou.
Mas sabe...
Respeito todos os novos nomes, as novas técnicas, os novos pensamentos. Acho mesmo que o design thinking é uma boa ferramenta para solução de problemas ( na verdade e na humildade ainda estou tentando entender o que é). Mas tem uma coisa que me incomoda e muito: essa supervalorização de termos que, na minha cabeça pensante, só dificulta qualquer coisa.
E, antes que eu seja execrada pelos amantes do design thinking, do storytelling, do out of the box e de qualquer outra palavra da moda, quero dizer que o texto não é para ser um tratado sobre o design thinking or whatever, como eles dizem lá. É para falar sobre essa nossa eterna mania de dar nome e rótulos a coisas que fazemos no dia a dia, espontaneamente.
Tenho um sério problema com rótulos. Porque acho que, quando a gente rotula o que quer que seja, o que quer que seja vira verdade.
Não é porque estou triste que tenho depressão, que estou com dificuldade de me concentrar que tenho DDA ou que o brainstorm durou mais porque não sei qual a melhor técnica para aproveitar melhor o meu tempo. Pode até ser tudo isso também.
Mas não é regra.
As coisas não precisam ter nome para acontecerem de um jeito diferente.
E não é porque um nome lhes foi dado que elas passam, magicamente, a acontecer.
Novas técnicas ajudam, obvio.
Novos formatos podem facilitar, com toda certeza.
Mas isso não quer dizer que a melhor maneira não acontecia antes, sem que a gente nem se preocupasse com isso.
Ideias pipocam por ai o tempo todo.
Mas a gente sabe o quanto é realmente difícil uma boa, mas boa ideia mesmo aparecer.
Mas quando ela surge, você sabe, sente, imagina, vislumbra o seu potencial.
Você dorme e quando acorda, ela continua lá, com um luminoso gritando: pode apostar em mim que eu sou boa!
Não é?
E isso, meu amigo, pode acontecer independente do nome da vez, da técnica que usou pra se chegar lá ou da embalagem que veio.
A boa ideia pode vir até dentro de uma caixa fechada.
E quando ela acontece, traz junto o storytelling, o design thinking, o know how e o que mais inventarem por ai.









terça-feira, 22 de julho de 2014

Bem bom

Bom mesmo é encontrar o amor da vida. E reencontrar todos os dias.
Perceber que você fez a escolha certa ou que, por razões que só o coração sabe, a escolha certa fez bem em encontrar você.
Bom mesmo é lapidar junto e fazer o outro brilhar.
Dar bom dia com os olhos, abraçar o silêncio.
Descobrir que você só melhora com o tempo. E saber bem o motivo.
Bom mesmo é carinho fora de hora, amor sem demora, barriga doendo de rir junto.
Amor sem conchinha porque a gente sabe bem que braço dormente não abraça o dia seguinte.
Imaginar e voltar.
Ter um amor para apalpar.
Bom mesmo é viver junto, em corpos separados.
Porque tem horas que virar para o lado faz um bem danado.
Bom mesmo é pertencer ao outro, sem deixar de ser sua.

É ter um amor próprio.

Resposta automática

Bom seria se para cada problema existisse uma resposta automática. Como aqueles e-mails programados para quando você sai de férias, sabe?
“O conceito não foi aprovado. Vamos marcar um call para falar sobre isso?”
 A resposta viria logo em seguida: “Estarei de férias do dia 01 ao dia 31. Para assuntos urgentes, favor falar com fulana.”
Era só apertar o botãozinho e uuuufa, menos um.
Funcionaria assim também para mensagens no celular. Já no caso de ligações, bastava um recado bem gravado e pronto.
“ Não aguento mais a sua assistente. Você vai ter que decidir: ou ela ou eu”.
“Nosso horário de atendimento é de segunda a sexta, das 7h às 9h. Favor ligar amanhã.”
Já imaginou? Você também podia já deixar gravado algumas opções, como nos SACs. Olha:
 “Para reclamações, digite 2.”’
“ Para informações sobre o outro lado do problema, digite 3.”
“ A qualquer momento, digite 0 para não falar comigo”.
“Você também pode tirar dúvidas no nosso site nãotrabalhamoscomproblemas.com.br”
Em vários momentos, já me imaginei fingindo ser outra pessoa só para não ter que lidar com a situação do momento.
“Não, não tenho nada para te oferecer agora, passa mais tarde?”
“Hum, acho que você ligou para a pessoa errada. Sim, esse é meu número, mas moro em Manaus e não em São Paulo.”
Pronto. Saída automática pela esquerda.
Mas na vida e nos problemas reais, a coisa não acontece assim.
Você dorme, acorda e puf, eles continuam lá.
Você viaja, olha pela janela e a paisagem, de repente, fica nublada, como a névoa dos problemas que te afligem.
Então, o negócio é encontrar uma resposta, automática ou não, dentro de você.
E resolver.
Porque as férias acabam.
O trote é descoberto.
O site dá problema.
E, cedo ou tarde, a fatura chega.

Ahhh, pode ter certeza disso.