quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Falta quanto para você se aposentar?


Tem gente que já sai da faculdade aposentado.
Outros, nem chegam a entrar. Porque foram aposentados pela adolescência.
Alguns se aposentam pelo tempo de trabalho e, mesmo assim, continuam na ativa para a cabeça não parar.
Tem os que se aposentam por uma situação da vida, por um período determinado ou sem nem perceber.
Aposentado aos 18, aos 30, por invalidez de pensamentos.
Aquela preguiça que chega, se instala e acha que encontrou a casa certa, com vista para pequenos problemas e com um bom controle remoto de decisões sempre à mão.
Esse ano eu me vi aposentada aos 35. Não pela falta de vontade, mas pelo excesso da falta.
E, mais do que rapidamente, vi também que era hora de voltar. Recolhi alguns sonhos, alguns projetos espalhados pelo chão, umas vontades que nem chegaram a ser e bati na porta da vida.
Porque, para mim, aposentadoria não é questão de idade.
É de vontade.
Você pode se aposentar aos finais de semana, entre um trabalho e outro, em uma manhã preguiçosa ou tarde da noite.
Você pode se aposentar de uma situação, de uma pessoa e até de um sentimento.
Mas não dá pra se aposentar de você mesma.
Nem aos 18, aos 35 ou aos 100.




sexta-feira, 22 de novembro de 2013

será que compensa?


Ele tirou um olho? Ahhhhhhh mas o outro está bom
Vai fazer a 5ª cirurgia esse ano? Pelo menos ele tem plano.
Seu filho não dorme? Ah, mas ele come, não come?
Trabalhar o fim de semana todo? Agradeça que você tem emprego, bem.
A empregada não cozinha bem? Ah, mas pelo menos sua babá é ponta firme.
O pai ta internado? Ahhh pelo menos o marido levou só 5 pontos na testa.

Todo mundo tem mania de compensar o ruim com uma coisa boa.
É o lado Poliana, o lado que come um brigadeiro porque, afinal, está merecendo, o que paga mais caro em uma roupa porque está precisando se alegrar ou simplesmente porque é muito, mas muito difícil aceitar que a situação, o momento ou a vida, naquela hora, está simplesmente uma bosta.
Qual o problema em aceitar a tristeza?
Em assumir que é uma merda não dormir?
Que é chocante ver quem você ama perder um olho?
Ou não achar que uma situação de merda deve ser ignorada porque todo o resto da vida é lindo e cheio de flores?
Ah, faça-me o favor.
E não, não estou sendo pessimista, egoísta, reclamista ou qualquer outro ista que queiram me diagnosticar.
É só uma opinião. E um jeito de olhar pra minha vida.
Os meus problemas não excluem as minhas alegrias.
Eles simplesmente convivem harmoniosamente dentro de mim.
As minhas dores não diminuem as minhas conquistas.
Ora se amam, ora se odeiam. E tudo bem.
E a vida segue. Equilibrando-se em uma bipolaridade de emoções e sentimentos.
Quer saber?
Não acho que deva sofrer menos porque a minha vida é linda. E sim, ela é.
Não acho que deva ser menos feliz porque coisas bem tristes acontecem.
Não acho que uma situação ruim vai ficar menos pior se eu usar a lei da compensação e achar que o pelo menos vai resolver.
O pelo menos é o inimigo do mais, do melhor e do incrível.
E eu não costumo cultivar inimizades dentro de mim.
Então, se você ouvir de mim em algum momento “nossa, isso é uma merda mesmo, que puta bosta que aconteceu com você”, não se assuste.
Não estou sendo grosseira, insensível, incompreensiva ou pessimista.
Só não estou diminuindo a sua dor.



terça-feira, 29 de outubro de 2013

E assim acontece.

É o texto que manda em mim.

Primeiro em forma de palavra única, que martela e martela os pensamentos até de lá sair um comando para os dedos.
Depois, em forma de lenga-lenga, uma espécie de nuvem com palavras condensadas que trovejam, se balançam, até caírem uma ao lado da outra, formando frases.
E as frases se juntam em prosa formando parágrafos.
O texto nasce em mim e deságua no papel, na tela.
Muitas vezes eu deságuo junto.
E sigo escrevendo, fluindo, rimando.
Sem me importar em ler, reler, corrigir.
Sigo escrevendo os sentimentos que as palavras me trazem.
Respiro com a vírgula, me empolgo com a exclamação.
Vou vivendo as sensações que um texto me traz.
Significo com ele.
Conto a sua história.
Me empresto para ele se fazer em mim.
Sou completamente sua até o ponto final.
Então vivo na falta, na vontade do próximo, da palavra martelando.
E dai ela aparece.
E eu me entrego.
E assim sou bem mais feliz.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Revisão dos 35


Hoje levei meu carro pra revisão. Dos 40 mil km. Mas como andei pouco,
virou dos 4 anos.
Só que adivinha? Errei a data, claro. Era pra ter sido dia 22 e não 28. E eu anotei errado ou ouvi errado ou as duas coisas.
Acontece que, junto com o carro, quase me deixei lá também. Pra revisão dos 35 anos.
Porque ao contrário do meu carro, eu andei muito neste tempo.
Vim de Brasília, depois de Goiânia.
Vim de namoros longos e de uma primeira paixão intensa e cheia de expectativas frustradas.
Vim de 7 ex-empregos, 7 cirurgias e de viagens que não consigo mais contar nos dedos.
Vim do meu pai e da minha mãe. Minhas maiores referências.
De algumas idas e vindas, de dúvidas, de ansiedades borbulhantes.
Nesse tempo, voltei atrás, mas também fechei os olhos e segui em frente.
Acreditei no destino, na intuição, no que me disseram e não era verdade.
E em tudo que era verdade também.
Mudei de caminhos algumas vezes.
Mudei de comida preferida.
Tive dois filhos. Renasci duas vezes.
Chorei de emoção, de dor, de amor.
35 festas de aniversários.
10 anos de casada.
Amigos de infância. Amigos, amigos.
Novos, velhos, renovados.
Frio na barriga, borboletas voando por ai.
Dizem que de 7 em 7 anos a gente dá uma passada geral.
Acho que chegou a minha vez.
Porque hoje, ali renegociando o prazo da revisão que eu esqueci, senti necessidade de fazer a minha.
E voltei no taxi pensando, balanceando e me alinhando.
Nenhum barulhinho me incomodando (a não ser o dos pensamentos).
Nenhum amassado aparente (a não ser os típicos da vida)
Nenhum pneu careca (só sobrando).
E o melhor: nenhuma fatura pra pagar.









segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Acontece com você também?


As vezes eu tenho uma sensação egoísta de que algumas coisas na vida só acontecem comigo. Ok, é “eueueueueu” demais para uma só pessoa. Mas eu me permito ser assim de vez em quando.


Sair pra almoçar  e perceber que roubaram as 2 placas do carro. Só acontece comigo.

Trancar o filho de 2 anos dentro do carro, chamar o bombeiro pra quebrar a janela, uma senhora oferecer pra te levar em casa e bater o seu carro. Só acontece comigo.

Pegar fogo no palco em uma apresentação de ballet, o cinegrafista mandar o vídeo pro Faustão e você ser finalista da video-cassetada. Só acontece comigo.

Levar uma maçã dentro da bolsa, esquecer e ficar 5 horas presa na Alfândega do Chile. Só acontece comigo.

Pegar uma tempestade ( bem improvável) em um vôo Goiânia – São Paulo e o avião arremeter 2 vezes. Só acontece comigo.

Ser comentarista na igreja, cair da maca de massagem, quebrar o mesmo pé 3 vezes, a anestesia não pegar, tosse nervosa, bater o carro 2 vezes na mesma semana, dormir em pé na balada e a sopa sempre vir gelada.
Só pra rimar.
Porque tem que existir alguma poesia nisso tudo.
Um dia eu ainda vou encontrar. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Matriz de risco


Ouvi este termo em uma reunião e achei o supra-sumo da coisa mais interessante dos últimos tempos. É uma espécie de manual de como a agência deve se comportar em uma situação de crise em um determinado job.
E, como não poderia ser diferente, resolvi fazer a matriz de risco da minha vida. Ou, em outras palavras, o meu próprio “ o que fazer em caso de despressurização da cabine”.

1.    Me viu chorando, melhor fingir que não viu nada. Não duvide da minha capacidade de chorar ainda mais diante de uma simples pergunta sua.

2.     Eu não reajo bem a um “preciso te contar uma coisa depois”. O depois pra mim vira imediatamente um agora. Falou, conta! É bom você saber.

3.    Geralmente eu me afundo no raso. Só me convide para uma discussão (principalmente se o tema for a vida) se for pra ela acontecer bem lá no fundo.

4.    A minha raiva dura pouco. E acredite, isso causa muita raiva em mim.

5.    Sou melhor com as palavras que saem dos meus dedos. As que vêm na minha boca demoram muito pra chegar até você.

6.    Eu posso falar mal de Goiânia. Você não.

7.    Se você é do tipo “visualiza mas não responde”, saiba que você é do tipo que me causa irritação. Não suporto ter que esperar o seu tempo pra responder. Já é bom saber também que paciência é algo que falta em mim.

8.    Não lido bem com imprevistos. Apesar de me encantar com uma boa surpresa. Vai entender.

9.    E,definitivamente, não sou dessas que põe a máscara antes em mim e, só depois, em quem estiver do meu lado.



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

felicidade, feliz idade.


Por 4 anos, eu fui só dele.
Nos últimos 3, dos dois.
Mudei as roupas, mudei a rotina, silenciei a casa.
Meus dias foram deles.
Meus finais de semana, também.
Continuei grávida das vontades.
Virei mãe.
E mãe não tem sexo, tem amor de sobra.
Amor que sobra nas roupas e que muitas vezes falta na autoestima.
Até que um dia o feminino bateu na porta.
Em forma de texto rendado, de coleção outono-inverno.
E eu levei meu lado mãe pra desfilar.
E o amor ganhou um contorno sexy.
A mãe reencontrou a mulher.
Fizeram as pazes.
Um número a menos.
Voltei a me vestir de mim.


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

desapego


Não é porque eu não fui que ainda não vá.
Não é porque dormi que não possa acordar.
Não é porque decidi que não possa voltar.
Por que não?
Não é porque fui que ainda não me tornei.
Não é porque passei que não encontrei.
Não é porque vi que não olhei.
Eu só continuei.
Não é porque,
É por quem.
E isso explica tudo.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

timtim por timtim


Adoro uma história bem contada.
Com detalhes, pausas e pontos.
Nem precisa ter sempre um final feliz (mas prefira as que tenha, por favor).
Sou daquelas que torce pelo beijo no final.
Gosto dos detalhes, os mínimos.
Da beleza que precisa ser descoberta.
Das metáforas que habitam uma frase solta.
De olhar bem de perto para perceber.
Uma história sem detalhe não me envolve.
Me dispersa.
E eu que sou tão on em mim,
não gosto de me sentir off.
Então, por favor, não me venha com histórias incompletas.
Com pressa de acontecer.
Eu quero o calor do parêntese, quero vírgulas.
Quero a sua história acontecendo em mim.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O avesso que me veste


o avesso tem costura, tem linha solta e tem remendo.
tem aquele furinho que ninguém vê, mas que a gente sabe que está ali.
Tem os bastidores e tem história.
o histórico.
Já reparou o quanto incomoda o avesso?
Porque ele tem verdade.
O avesso se expõe.
E se resolve.
Tem a sua beleza, o avesso.
Uma espécie de segunda pele.
Hoje me vesti do avesso.
Ontem também.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

onde eu fui parar?


Ando com saudades de ser filha.
Com vontade de ser neta.
É que há tempos ando sendo mãe.
E mãe tem que ser forte, tem que saber tudo, tem que dar o beijinho que cura qualquer dor.
Quem disse?
Ando com saudades de ser pequena. Não só por dentro.
Com vontade de falar olhando nos olhos. E não ter que me abaixar para isso.
De tomar banho brincando com as minhas lembranças.
De me fazer dormir.
Ando com vontade de colo, de silêncio, de atalhos.
É que ando sendo tantas que não me sobra espaço.
É só uma questão de tempo?

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Um tema que teima



“Não dou conta deste tema agora”, disse ele um pouco antes de partir.
Ela ouviu, olhou no relógio e eram 4 da tarde.
Pensou no porquê da frase e ficou em dúvida. Ou seria vergonha o que ela sentiu? Ele não dava conta do que sentia ou de ter que dar uma resposta?
Ele não dava conta por falta de tempo ou de intensidade?
O fato é que a história virou um tema e não o contrário.
Uma pena, ela pensou. Adorava histórias. Vividas, repetidas, contadas de frente pra trás ou com começo, meio e fim.
Mas ele não dava conta do tema agora.
Essa frase se repetia como um mantra naquela hora que já tinha se adiantado em outras duas.
A conta tinha sido alta?
Um tema pra ele.
Uma teimosia pra ela.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A parte e o todo


Sou feita de partes que se juntam formando um todo complexo e intenso.
São tantas perdidas em mim que as vezes é preciso parar e
separar cada uma delas. Pra ver se eu me enxergo melhor.
Algumas coloco em cabides para não amassar.
Outras, em sacolas para doação. Não me servem mais.
Tem as que ficam guardadinhas esperando pela próxima moda. Vai que dá pra aproveitar.
Sou uma espécie de personal organizator de mim mesma.
A parte de mim que insiste em teimar vem da minha lua em touro.
A parte de mim que gosta de musica clássica, do ouvido treinado.
A parte que vai lá e faz, vem do meu pai.
Já a parte que não pára nunca, da minha mãe.
A que vive com sono, vem das minhas noites entrecortadas por choros de criança.
A parte de mim que ama, vem da minha entrega.
A que manca, dos meus anos de Ballet. Mas não só dele.Vem também dos tombos que levei pelo caminho.
A parte de mim que escreve, dos livros.
A que sorri, dos amigos.
A que conta história, da vida.
À parte de tudo, tem uma menina que vive aqui dentro.
E que olha pra cada uma delas costurando sentidos.
Alinhavando o todo.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Entre sem bater


Aprendi a olhar a vida através de portas.
Assim consigo ser feliz mesmo estando triste.
Ou ser triste, dentro das inúmeras alegrias da vida.
Quem nunca quis chorar numa festa de aniversário?
Ou teve vontade de rir em uma situação em que todo mundo estava muito, muito sério?
Quando eu quero chafurdar em problemas, abro a porta cinza. É lá que entulhei todos eles um pouco antes de sair.
Entro, sento em cadeiras duras e ninguém me oferece café. Ok, neste cantinho só eu ofereço o pouco que tenho. E assim é.
Quando quero viajar, abro a porta imaginária com vista para o mar. Deito em minha rede de algodão, peço um drink, ou não, e vôo sem me preocupar com a volta.
Para os dias de preguiça, a porta laranja. Dizem que a cor revigora.
Para pensamentos ousados, a porta escondida. Entro la e só me acham quando E SE eu quiser. HA HA HA
Para os dias de nervoso, a acústica. Grito à vontade e saio de lá novinha.
Recomendo pra você também. Faz um bem danado.
Tem uma porta que é secreta e só eu tenho o código. Ou quem sabe me ler. Vai saber...
Tem a porta das brincadeiras. Essa fica escancarada. Entre sempre que quiser.
 A porta das mágoas é tão molhada que nem vale a pena entrar. Deixa ela lá, curtindo o seu mofo.
Ah, e tem uma porta muito, mas muito pequena que é pra eu me encaixar quando o mundo fica grande demais pra mim.
Isso acontece algumas vezes.
Tem a porta do amor. Essa eu nem preciso contar a cor.
E tem a porta que eu abro toda quinta.
Essa tem acesso à todas as outras. Que se abrem juntas, para dar uma arejada.
A porta dos fundos está na moda.
Mas por aqui, todas as portas são de frente.
O que não quer dizer que não tenham escada para o subsolo.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

É isso tudo.


De repente, uma cirurgia do nada, de um exame do nada que a doutora resolveu pedir.
De repente um fim-de-semana se vestiu de feriado e, no meio do inverno, o sol esquentou como se fosse verão.
Assim, do nada.
De uma hora pra outra, mudou o olhar. E o off virou on.
De repente, o que estava certo, desandou.
Como um bolo que parecia lindo, mas tinha consistência demais.
É, até a consistência pode ser demais.
Do nada, ela decidiu voltar. E encontrou flores pelo caminho.
Do nada a intimidade vira esquisitice.
A fome, aversão.
Um gole, bebedeira.
Um sorriso, gargalhada plena.
Uma história, sono profundo.
Um ritmo, melodia.
Do nada, um encontro vira festa.
Tudo isso só do nada.
Um dia eu quero conhecer este lugar.
Assim, de surpresa, só pra saber o que mais pode sair de lá.


A fase dos porquês


Por que ele não dorme, meu Deus?
Por que tem dias que ele fica bonzinho e outros é o cão chupando manga?
Por que na escola ele é um santo e em casa é desse jeito?
Por que depois de uma fase vem sempre outra?
Por que eu não consigo me impor?
Por que a gente tem que falar mais não do que sim?
Por que as crianças nunca são como os livros dizem que elas deveriam ser?
Por que ele sempre dá birra quando você está cercada de pessoas?
Por que as doenças pioram de noite?
Por que ele sempre acorda bem no meio da inalação?
Por que eles acordam bem mais cedo nos finais de semana?
Por que a gente vive cercados de porquês?

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O que é novo e o que é velho pra você? (renovado)


E daí que o titulo que eu fiz pro outro texto, me deu vontade de fazer este.
Posso repetir o titulo de novo?


Rir dos problemas é novo.
Antes eu costumava só chorar.
Já o ir atrás do que eu quero é velho.
Como é também a vontade de comer doce depois do almoço.
Me preocupar com duas crianças pequenas que dependem de mim é novo.
Tão novo que as vezes assusta, sabe?
 E isso me fez viver um dia de cada vez, sem pensar no “e se”.
E isso é novo em mim também.
Sabe o que mais é novo? Essa ruguinha que nasceu do lado do meu olho.
Já as “aspas” que envolvem o meu sorriso (li essa frase outro dia e colei nela) é bem antiga.
Cabelo branco é troço novo, mas que faz a gente ficar velha.
E essa minha mania de rir com os olhos é tão velha que chega a dar um contorno novo pra mim.
Escrever o que me vem à cabeça é novo.
Mas falar o que eu penso já é um velho conhecido de quem me conhece.
Acordar as 6 da manhã é um hábito novo que tem me envelhecido um pouco, é verdade.
Mas fazer o que?
Eu tenho uma dupla nova que parece uma menininha.
E uma chefe querida que está esperando o novo chegar.
Novos amigos e uma velha conhecida de sempre: a culpa.
Mas tenho aprendido a dar um chega pra lá nela, veja você.
Isso é novo em mim também.
Dar novos significados para o que insistia em virar geriátrico em mim.
Velha é minha vontade de escrever.
Novo é o escrever sempre que a vontade aparecer.
E pra você?

No final, é tudo a mesma coisa.

Quando nasce um filho, nasce o novo em você.
Mas o velho que existia antes não morre.

Ah não?
Não.
Hum, que estranho. Mas e o que você faz com ele?
Pois é.
Posso dizer que depois de 5 anos, 2 filhos, eu ainda não sei muito bem o que fazer com ele.
Tem dias que eu passo um baton vermelho pra ver se ele se contenta.
Outros, escrevo. Assim ele pode sair um pouco pra passear.
Tem dias que só acordando de novo.
Outros, um belo jantar resolve.
O velho se recicla, é verdade.
Mas sabe quando ele insiste em mostrar a sua cara?
Quando menos você tem tempo pra ele.
Tipo as 18h quando a função do jantar se acumula com a do banho e você ainda tem que preparar  a mochila do dia seguinte.
Ou quando aquela crise de labirintite (tem coisa mais idosa que isso?) resolve atacar no meio da manhã, você rodopia e seu filho acha que é a mais nova brincadeira que você inventou e resolve fazer também.
Não sei se você já sabe, mas vou te contar este segredo: mãe não pode ficar doente, meu amor. Não há tempo pra isso.
E não há tempo também praquela dormidinha pós-almoço. Também não há tempo para a sobremesa E o café no restaurante.
Tem que escolher. Ou a sobremesa ou o café. E, se optar pela sobremesa, saiba que vai comer só 1/3 dela, com o seus 2 filhos no seu colo, quase lambendo o prato.
Mas a gente estava falando do velho. Não me lembro onde mesmo eu me perdi.
Enfim.
A maternidade faz o velho se renovar.
E é lindo ver isso bem de perto, dentro de você.
Mas tem coisas, de velho mesmo, que não mudam.
A agonia do jornal em cima da mesa.
O gosto pelas balas de gengibre.
As risadas do que não adianta chorar.
A montanha russa que nunca vira carrossel (amei, Alê)
O bom é que quando o velho cansa, ele pode descansar.
E daí o novo faz a festa.
E contagia o velho, o idoso, o novíssimo.
E tudo vira uma coisa só.
E detalhe, meu amor: tudo dentro de você.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Qual é a sua ina?


Quando tenho fome, como.
Outros, sibutramina.

Quando sofro, choro.
Outros, fluoxetina.

Quando envelheço, enrugo.
Outros, botulina.

Quando estou hiperativa, descanso.
Outros, ritalina.

Quando tenho sono, durmo.
Outros, cafeína.

Quanto estou ansiosa, respiro.
Outros, reboxetina.

Quando fico triste, sinto.
Outros, sertralina.


Muito prazer, AnnaKarina.