terça-feira, 29 de outubro de 2013

E assim acontece.

É o texto que manda em mim.

Primeiro em forma de palavra única, que martela e martela os pensamentos até de lá sair um comando para os dedos.
Depois, em forma de lenga-lenga, uma espécie de nuvem com palavras condensadas que trovejam, se balançam, até caírem uma ao lado da outra, formando frases.
E as frases se juntam em prosa formando parágrafos.
O texto nasce em mim e deságua no papel, na tela.
Muitas vezes eu deságuo junto.
E sigo escrevendo, fluindo, rimando.
Sem me importar em ler, reler, corrigir.
Sigo escrevendo os sentimentos que as palavras me trazem.
Respiro com a vírgula, me empolgo com a exclamação.
Vou vivendo as sensações que um texto me traz.
Significo com ele.
Conto a sua história.
Me empresto para ele se fazer em mim.
Sou completamente sua até o ponto final.
Então vivo na falta, na vontade do próximo, da palavra martelando.
E dai ela aparece.
E eu me entrego.
E assim sou bem mais feliz.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Revisão dos 35


Hoje levei meu carro pra revisão. Dos 40 mil km. Mas como andei pouco,
virou dos 4 anos.
Só que adivinha? Errei a data, claro. Era pra ter sido dia 22 e não 28. E eu anotei errado ou ouvi errado ou as duas coisas.
Acontece que, junto com o carro, quase me deixei lá também. Pra revisão dos 35 anos.
Porque ao contrário do meu carro, eu andei muito neste tempo.
Vim de Brasília, depois de Goiânia.
Vim de namoros longos e de uma primeira paixão intensa e cheia de expectativas frustradas.
Vim de 7 ex-empregos, 7 cirurgias e de viagens que não consigo mais contar nos dedos.
Vim do meu pai e da minha mãe. Minhas maiores referências.
De algumas idas e vindas, de dúvidas, de ansiedades borbulhantes.
Nesse tempo, voltei atrás, mas também fechei os olhos e segui em frente.
Acreditei no destino, na intuição, no que me disseram e não era verdade.
E em tudo que era verdade também.
Mudei de caminhos algumas vezes.
Mudei de comida preferida.
Tive dois filhos. Renasci duas vezes.
Chorei de emoção, de dor, de amor.
35 festas de aniversários.
10 anos de casada.
Amigos de infância. Amigos, amigos.
Novos, velhos, renovados.
Frio na barriga, borboletas voando por ai.
Dizem que de 7 em 7 anos a gente dá uma passada geral.
Acho que chegou a minha vez.
Porque hoje, ali renegociando o prazo da revisão que eu esqueci, senti necessidade de fazer a minha.
E voltei no taxi pensando, balanceando e me alinhando.
Nenhum barulhinho me incomodando (a não ser o dos pensamentos).
Nenhum amassado aparente (a não ser os típicos da vida)
Nenhum pneu careca (só sobrando).
E o melhor: nenhuma fatura pra pagar.









segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Acontece com você também?


As vezes eu tenho uma sensação egoísta de que algumas coisas na vida só acontecem comigo. Ok, é “eueueueueu” demais para uma só pessoa. Mas eu me permito ser assim de vez em quando.


Sair pra almoçar  e perceber que roubaram as 2 placas do carro. Só acontece comigo.

Trancar o filho de 2 anos dentro do carro, chamar o bombeiro pra quebrar a janela, uma senhora oferecer pra te levar em casa e bater o seu carro. Só acontece comigo.

Pegar fogo no palco em uma apresentação de ballet, o cinegrafista mandar o vídeo pro Faustão e você ser finalista da video-cassetada. Só acontece comigo.

Levar uma maçã dentro da bolsa, esquecer e ficar 5 horas presa na Alfândega do Chile. Só acontece comigo.

Pegar uma tempestade ( bem improvável) em um vôo Goiânia – São Paulo e o avião arremeter 2 vezes. Só acontece comigo.

Ser comentarista na igreja, cair da maca de massagem, quebrar o mesmo pé 3 vezes, a anestesia não pegar, tosse nervosa, bater o carro 2 vezes na mesma semana, dormir em pé na balada e a sopa sempre vir gelada.
Só pra rimar.
Porque tem que existir alguma poesia nisso tudo.
Um dia eu ainda vou encontrar.