segunda-feira, 5 de maio de 2014

Inventividade


Eu invento histórias e crio novos personagens.
Desenho sonhos antes de dormir e acordo vivendo outros.
Chego para trabalhar em um novo emprego, mesmo estando há anos no mesmo. Por que não? Isso é ótimo para um segunda-feira pós feriado. Recomendo.
Finjo que estou em outro país e falo a língua que parece combinar mais com o momento. Invento outras com fonemas difíceis só para parecer que sou fluente em me entender.
Já fui francesa, escritora de sucesso e voltei a ser criança.
Tudo em um só dia.
Já tirei todas as roupas do armário e dobrei em cima da cama, fingindo ser vendedora de loja.
Já fui aeromoça de 2 passageiros em um avião que voava com a força do pensamento.
Medica já fui algumas vezes. Psicóloga também.
Dei alta para pacientes imaginários e resolvi questões de vida em uma só consulta.
Fui homem só para conhecer o outro lado do banheiro, mas achei que ser mulher me veste melhor.
Já mordi a parte de dentro da bochecha e fiquei falando assim por alguns minutos só pra ver como seria.
Inventei que não gostava de chocolate, de sorvete e nem de manga pra ficar mais magra.
Voltei a amar chocolate e sorvete. Mas de manga continuei não gostando. Virou verdade, vai saber.
Invento palavras.
Sou o que gostaria de ter sido, volto atrás em escolhas que não fiz.
Experimento o caminho que nunca segui.
Vivo imaginando os “e ses” que todo mundo pensa.
Isso diminui um pouco a curiosidade da escolha. Mas o olhar é sempre o mesmo de quem decidiu pelo outro caminho.
Invento, imagino, vivo.
E,ao final do dia e dos sonhos, volto para mim.
É aqui que me sou por inteira.





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