segunda-feira, 13 de outubro de 2014

vem, filho.

Já tivemos nossas diferenças.
E outras virão.
Você só tem 6 anos e eu ainda arrasto os meus 8 para os 36.
Demoramos muito para nos entender.
Não foi assim um encontro logo de cara, sabe?
Sempre tinha ouvido dizer que o amor nascia instantaneamente. Mas lá no fundo nunca acreditei muito nisso.
Não sou de amores cup noodles. E você não é lá de se entregar assim tão fácil.
Depois teve o baby blues que me fez ter que olhar para um lado que eu não conhecia. Justo eu que nunca acreditei na vida cor de rosa.
Depois veio a alergia que nos apresentou a praticidade à força.
E vem cá, não somos tão práticos assim, não é?
Demoramos pra nos perceber.
Você começou a andar quando tivemos aquela cirurgia com o meu pé. Assisti você indo longe, de longe.
Depois vieram as birras e a minha vontade de me jogar com você no chão.
Você era muito pequeno, nem deve se lembrar.
Demorei para perceber que éramos tão parecidos na intensidade, além dos traços.
Mas já tem um tempo que tudo vem mudando.
Não é?
A gente vem se sentindo mais confortável com os nossos silêncios. Meu colo já se modelou a você e tem sido tão bom...
Mamãe já é a palavra que mais saí de dentro de você.
Talvez porque eu tenha encontrado o meu lugar ai dentro.
E ontem, quando o seu olhar procurava o meu em cada novo movimento do judô, me joguei no tatame e entreguei a luta.
Foi quando o seu olhar se abraçou ao meu que finalmente nos reconheci.
Porque tem pessoas que a gente não conhece, filho.
Reconhece. E você é claramente a maior delas.
Vem, já podemos ir de mãos dadas?

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