quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Me editando

Quando era criança, não conseguia entender muita coisa.
E me lembro de várias vezes pensar: “Ah, quando eu crescer vou entender. Deve ser porque sou criança ainda.”
Eu não conseguia entender o fato de, por exemplo, na farmácia também vender sorvetes e picolés.
Achava um absurdo sem fim.
Como um lugar que vende remédios para dor de garganta pode também vender sorvetes e picolés? Se um pode ser a causa do outro?
Também não entendi, na minha festa de 10 anos, como o menino que eu era apaixonada pôde dançar a noite toda com uma das minhas melhores amigas.
E chorei por 2 dias achando estranho, mas muito estranho mesmo uma pessoa que você ama tanto te fazer chorar e não sorrir. Como pode?
Também senti essa coisa estranha quando meu irmão saiu da barriga da minha mãe pra morar na minha casa. Era tudo meu. Por que não podia ser mais?
Não entendia o fato do jiló ser tão amargo e mesmo assim fazer bem.
Como entender?
Daí eu cresci.
E adivinha?
Não entendo porque amamentar pode ser tão bom e doer tanto.
Deve ser o mesmo princípio do jiló.
Não entendo ter que gastar dinheiro com uma carteira. Se vou gastar, o que vou colocar lá dentro?
Não entendo ter que sofrer para merecer. Tipo o princípio da promessa, que passei anos da minha vida fazendo.
Assim como não entendo sofrer por amor.
Não entendo tanta coisa que acontece lá fora.
Mas agora estou falando só do que acontece aqui dentro.
Depressão pós-parto. Por que?
Ah, quando eu ficar velha vou entender. Deve ser porque sou nova ainda.





Um comentário:

  1. é isso... ainda é muito nova. E quando estivermos bem velhinhas pensaremos, não tenho mais idade para querer saber dessas coisas e assim vão se perpetuando os mistérios como amar e sofrer...

    ResponderExcluir