segunda-feira, 28 de abril de 2014

Um dia de outono


O dia amanheceu frio. Mas ventava forte dentro dela.
Talvez fosse o movimento das borboletas que insistiam em bater suas asas.
Talvez algo inesperado, prestes à acontecer.
O outono sempre causava reações desordenadas nela.
Um frio que a alimentava mas que, de tão sólido, se degustava de garfo e faca.
Sim, também tinha a fumaça que deixava tudo a lá Monet naquele dia.
Ela gostava de Monet.
E também do outono.
Da fumaça, gostava só da sensação do quase não enxergar.
As vezes é preciso fechar os olhos e só sentir.
O frio. Sim, tinha o frio que insistia em tremer seus sentidos.
O que fazer com as borboletas?
Passou a observar a coreografia do bater de suas asas.
E um papo bom serviu de trilha.
Um cachecol de palavras aquecendo os movimentos.
Se envolveu nos assuntos que teciam aquele começo de tarde e se sentiu aquecida.
Talvez pelo bater das asas.
Talvez pelo dialogo.
Fazia frio lá fora.
E bem lá dentro, a temperatura subia.

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