sábado, 16 de agosto de 2014

Qual a cor da sua raiva?



Estamos aprendendo a lidar com a sua raiva, filho.
Você com a vontade que tem de colocar tudo pra fora desse jeito tão agressivo e eu, de engolir tudo que você sente até não sobrar dor alguma, só sorrisos soltos.
Hoje aprendemos juntos que a raiva pode trazer cicatrizes no rosto, mas que a mais profunda delas fica dentro da gente. Não é?
Tenho aprendido tanto.
Me vejo nos seus olhos. Como se você tivesse um espelho que me mostrasse o tempo todo de onde você me veio.
Te coloco no meu colo tentando ninar seus sentimentos, mas esqueço que você é feito dessa intensidade toda.
E intensidade a gente não acalma.
O que fazer com tudo isso que você sente?
Tenho aprendido que escrever ajuda.
Acontece que suas letras ainda estão aprendendo a se colar antes de saírem soltas pelo mundo.
Já as minhas vivem em ebulição.
Você vai encontrar logo o seu jeito, não é filho?
Mas enquanto ele não aparece, o que acha de juntos desenharmos a cara que a sua raiva tem?
Ela mora na caverna do grito?
No lago borbulhante?
É vermelha?
Tem mais bocas do que olhos?
É forte ou fraca?
Que gosto ela tem?
Estou adorando essa nossa brincadeira.
Coisa boa é transformar dificuldade em diversão. Vamos fazer isso mais vezes?
Coisa boa é aprender junto, filho.
E sabe de outra coisa?
Colocar sua raiva no papel é um jeito legal de olhar pra ela de fora de você. E quando a gente olha de fora, as coisas ficam menores. Até ELA.
Então vamos fazer um combinado?
Sempre que ela aparecer, vamos colocar pra fora desse jeito.
Numa coisa você vai concordar comigo: ela fica bem mais bonita no desenho do que no rosto do amiguinho, não acha?





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