segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

De cabeça para baixo

Amanhecia noite lá enquanto aqui anoitecia dia.
Muitos contrários para buscar o seu lado certo.
Quem sabe de cabeça para baixo a vida não entrava nos eixos?
Era canhota, a menina. Acostumada com os contrários da vida imaginou logo se encontrar.
Se apresentou ao futuro para, então, se acomodar no passado.
E sentiu-se em casa em seu avesso.
Comida fria, bebida quente.
Guardanapo molhado.
Volante do lado direito.
Noite dia.
De cabeça para baixo, pôde tirar todos os pesos dos bolsos.
E formar novas palavras com as letras que caíram.
Foi então que ela apareceu.
Anna.
Igual, mas diferente.
Renovada.
E a menina percebeu que, mesmo ao contrário, continuava a mesma.
Era seu próprio palíndromo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário