segunda-feira, 20 de maio de 2013

Crescer é se acostumar a perder?

Tio Décio tinha 58 anos e esqueceu de crescer. E não era sua baixa estatura que o denunciava. Eram as tardes grávidas de risadas ao seu lado. Seu sotaque carioca, seu jeito de criança, seu humor inocente vão deixar saudades. Era o irmão mais novo que todo mundo queria um dia ter. Era o tio amigo que alegrava qualquer fim-de-semana. Tinha a idade da minha mãe. Era irmão da minha avó. Sim, minha família tem dessas. Sem uma ordem cronológica definida, agora com mais uma desordem emocional. Ele tinha o coração maior do mundo. Tão acostumado a sofrer, mas tão sensível... Ontem ele se foi. E a vida ficou assim, desacelerada. Descompassada. Por que é que a gente cresce e vai perdendo tanto? Justo quando podia dividir tanta coisa. Quando podia entender tanto. Você foi tão cedo, tio. Tão criança pra morrer. Promete que quando chegar ai vai dar um beijo na vovó Kika? Crescer dói. Eu te entendo. um beijo.

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