quinta-feira, 27 de junho de 2013

Fragmentos

Aquele dia em que você anda de um lado para o outro. Espera o farol abrir, atravessa a rua e deixa os problemas caírem de propósito. Mas eles são mais rápidos e te esperam na outra esquina. Daí você resolve olhar vitrines pra ver se a vida muda de figura mas o que vê é você, se olhando e se encarando. Percebe que os problemas nem são tão grandes assim. Que você nem é tão grande assim, mas que o seu quadril deve ter crescido uns 2 cm na última semana. O pão, deve ter sido ele. Tenta mudar de pauta, encontrar outro rumo pro dia. Deixa de escutar o seu silêncio para ouvir o do outro. “Mas eu te falei isso mesmo, como você ouviu outra coisa?" “ Ele acha que é o que pra falar comigo desse jeito?” “Já disse pra ela que não quero mais e pronto.” Fragmentos de conversas na rua, problemas espelhados. Passou a colecionar a fala do outro pra ver se colava na sua. Conversas emendadas formando novos personagens. E se viu imaginando como era a vida por trás daquelas vozes. Quem nunca se pegou fazendo isso com a mesa ao lado no restaurante? Eles são casados? Namoram ha quanto tempo? Ela é feliz com ele? Se conhecem ha quantos minutos? Tem mãe? É mãe? Voltou para a casa com a cabeça cheia de frases, mas livre. Resolveu fazer disso um hobby. E suas caminhadas ganharam um novo sentido.

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