segunda-feira, 1 de julho de 2013

O olhar de uma mãe

Você pode comprar milhões de livros antes de ter um filho. Pode frequentar reuniões semanais com outras mães pra ver se absorve o dom por osmose. Pode se sentar num banco de shopping, às 15h da tarde de um domingo, com sua barriga de 7 meses, e fazer um laboratório ao vivo. Pode assistir a entrevistas de pediatras, marcar 18 consultas antes, virar a melhor amiga televisiva da super nanny. Você pode fazer o curso de “como ser mãe” em 4 horas em alguma maternidade por aí ou pesquisar blogs, artigos, tratados sobre o assunto. Mas só pode ser mãe quem tem filho. Porque é ele quem te faz descobrir o manual da mãe que existe em você. E só ele consegue fazer esta tradução simultânea. E veja bem, estou dizendo simultânea e não instantânea. Porque o instinto materno, na minha opinião, não nasce com o filho. Ele é aprendido e assimilado no dia-a-dia. Em cada chorinho sem bula. Em cada pergunta desavisada. Em cada birra, mas também nas gargalhadas sem sentido. No cheirinho que fica no pescoço quando ele acorda. No olhar que vira um só antes de dormir. Ter um filho não é somente ter. É ser. É estar. É compartilhar. Amar, é claro, não preciso nem falar. É educar e se reeducar. Mas isso é assunto demais, me permito deixar para depois. Ter um filho é, antes de mais nada, aprender a ser mãe.

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