sexta-feira, 19 de setembro de 2014

instagramando

Sophie tem nome de geração Y, mas nasceu na década de 70.
Época das paixões alimentadas por cartas e muita poesia.
Gravava fitas cassetes para presentear quem fazia seu coração palpitar.
Ligava só para ouvir a voz, passava na porta da casa pra ver se as coincidências se encontravam.
Uma delas acabou em casamento, que um tempo depois se acabou também.
E Sophie, além do nome, passou a viver como uma Y.
Se apaixonou, porque se apaixonar, afinal, é atemporal.
E se jogou nas possibilidades do amor nos tempos do coletivo.
Não esperava chegar nas fotos dele no instagram. Já ia direto no seu perfil, mas demorava um tempo para curtir. As vezes nem curtia, só pra ver qual reação isso causava.
Colocava seu nome no whatsapp pelo menos umas 3 vezes por dia. Só para ver se ele estava ou não online.
Demorava uns 5 toques pra atender uma ligação. Só pra ele não achar que ela estava esperando com o telefone na mão.
Não seguia no face, mas adicionou seu perfil aos favoritos.
Não tinha tinder. Porque seu jeito antigo de amar não resistiria ao fast.
Mas continuava escrevendo suas cartas. Desta vez no note do seu celular.
Dançava valsa com seus sentimentos e chorava em palavras pra ver se a intensidade diminuía.
Mas era forte e geniosa, a danada.
Resolveu se assumir. E resumir tudo em seus 140 caracteres.
Compartilhava, se curtia, era visualizada e não correspondida.
Até que seu celular apitou uma mensagem no direct.
“Sophie, quer namorar comigo?”


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