segunda-feira, 15 de setembro de 2014

sobre nossas febres

Passamos o final de semana nos 39 graus.
Enquanto o sol ardia lá fora, você queimava ainda mais, meu filho.
E toda nossa programação de um fim de semana de festas e piscina virou promessa para o próximo.
Você esperou tanto pelo domingo ensolarado que resolveu se aquecer antes.
E você com febre me deixa amoadinha...
De grau em grau vou me resfriando nos meus medos até chegar uma hora que não sei mais qual colo é o meu e qual é o seu.
A gente se mistura pra ver se a temperatura se acalma e deixa você correr para o seu futebol, para a sua bicicleta, para os seus pulos de criança de 3 anos.
Você é sempre tão maduro, filho, que chego a ter certeza de que a criança nessa história toda sou eu.
Não sei lidar com imprevistos. Fico te observando pra ver se, quem sabe assim, aprendo, mas não tem adiantado.
Acho tudo lindo em você, mas quando vou repetir em mim, não orna.
Como aquela sua bermuda xadrez que você insiste em vestir com a camiseta listrada e eu já deixo porque, afinal, você tem que criar o seu estilo desde cedo.
Eu juro que acredito quando você diz “tudo bem, mamãe, no próximo a gente vai.” No fundo, sou eu querendo me consolar enquanto você já está na próxima brincadeira.
E quando você volta dizendo “acho que a febre voltou, mas tudo bem, ne mamãe?” eu respondo que “tudo bem, vem aqui que a gente vai dar um chute nessa febre chata”.
Você acha engraçado, eu dou uma risadinha meio nervosa e a gente se encola. O seu arrepio é também o meu.
A febre vai embora.

Mas você sempre deixa o seu quentinho em mim.

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