segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Ateu, graças a Deus

Ele não acreditava em Deus. Mas também não era bem assim. Se Deus quiser, pelo amor de Deus e também Deus é pai faziam parte do seu vocabulário. Mas ele se dizia ateu. Convicto. Ele se dizia anarquista. Graças a Deus. Mas era só o modo de falar, ele dizia. Até que veio uma cirurgia. Até que veio outra. Até que veio uma fístula. E veio também o “sai com o seu Deus pra lá, menina.” Mas o meu Deus passou a ser o dele também. Assim como o de todos à sua volta. Em uma fé muda, mas presente. No silêncio, na torcida, na conversa de todo dia antes de dormir. Até mesmo nas escapulidas que ora habitavam o seu jeito de falar. Vai com Deus era expressão proibida. Dorme com ele também. Até que veio o papa. Não o Francisco, que esteve aqui semana passada. Mas o Miguel. E acendeu uma fé que eu nem imaginava que existia dentro dele. Acho que nem mesmo ele. A fé na palavra, no homem. Não em Deus. Ainda. Mas isso agora não importa. O Dr. Miguel Srougi salvou o meu pai antes mesmo de operá-lo. Justo ele que se dizia ateu, hoje resgatou a sua fé com um papa.

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