terça-feira, 15 de julho de 2014

sempre tem um

Ele não tem paciência de esperar você resolver aquela questão.
Vai lá, na maior atitude de pró-atividade, e resolve por você.
Mas resolve do jeito dele, que não é o seu, obvio.
E sorri mostrando todos os dentes somado àquele sinal de legal, com o dedo torto que só ele tem.
Ele não pega trânsito, não pega manifestação e, por incrível que pareça, está sempre lá quando você chega. E te diz bom dia dando beijinho melado no rosto. Um bom dia sonoro, feliz. É assim todos os dias.
Ele senta do seu lado ou não. Mas é do tipo que sempre te cutuca, com aquele dedo duro, pra te contar algo que, na maioria das vezes, é interessante só pra ele.
Ele sabe o seu nome, mas faz questão de inventar um apelido que tirou sei lá de onde.  Só para ter uma intimidade que ele se deu. E não você.
Ele é atencioso e está sempre pronto pra ouvir o que você tem a dizer.
Ele ri das suas piadas. E ri também quando não é.
E ele sempre faz uma piadinha com o que não tem a menor graça. Pode reparar.
Ele faz comentários em excesso.
E solta aqueles arrotinhos de canto seguidos de sopro leve no meio de cada frase. Mas sempre acha que ninguém vê. Vamos falar pra ele que todo mundo vê e só não comenta? Porque comentários em excesso cansa. Ainda não percebeu?
Aliás, ele também não percebe quando é hora de parar de falar e escutar.
Que ele é um amor, todo mundo sabe.
Mas poucos são o que reconhecem: um amor de chato.


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