quinta-feira, 17 de julho de 2014

redesenhando interiores

Quisera eu poder ter uma design de interiores só pra mim.
Dessas que me dizem, com toda a segurança, o que fica melhor e onde. Sabe?
“ - Olha, Anna (sim, a gente dispensaria formalidades), essa saudade não combina nada, nada, com esse ego todo. Você precisa escolher um dos dois para harmonizar o ambiente. O que acha de combinar a saudade com o amor? Isso, assim fica bem melhor, não acha?
 - Outra coisa é essa sua mania de misturar alegria com tristeza. Nunca vi misturar riso e choro neste quartinho tão pequeno... Tudo bem que um toque de antigo no moderno dá toda uma graça. Mas, deste jeito que você faz, não dá. Vamos escolher uma linha?”
Ela me diria também que a ansiedade deveria morar na despensa e não ali, no quarto de dormir.
Já posso escutá-la palestrando sobre a insegurança, essa tão demodê.
“- O último grito em todos os blogs e projetos é a auto-estima elevada. Mas o metro quadrado custa bem caro... “
“- Não conseguimos encontrar um meio termo, ora bolas?” (adoro ora bolas)
A culpa ela arrancaria de uma vez por todas. É o tipo de coisa que deixa qualquer lugar muito pesado, é verdade. Meus ombros sabem bem.
E o que eu faço com o medo? perguntaria logo de cara.
“ – Se você fizer muita questão, se for uma coisa assim de família, a gente pode deixar como um detalhe na área de serviço, pode ser assim?”
Ela organizaria minhas gavetas, lavaria minhas cortinas e tiraria os tapetes de lugar.
Poria tudo, tudo mesmo em cabides iguais, em ordem crescente de sentimentos.
Secaria toda mágoa e me indicaria um potente anti-mofo.
Pronto.
Eu estaria toda arrumadinha e perfumada. Como um poodle acabado de sair do pet shop.
E daí?
Automaticamente eu me sacodiria toda, como ele, e voltaria pra minha vida.
Pensando bem, é melhor economizar nessa parte de interior.
Me prefiro bagunçada, descombinada, intensa.
Mas feliz.



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