sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Um dente e o metrô




A pessoa ta cansada. A pessoa sobe a augusta inteirinha a pé, mas antes pára num desses lugares que ficaram parado no tempo pra tirar xerox.
A pessoa pega o metrô lotado e vai até a estação da Sé sem sentar.
A pessoa quase pára numa dessas farmácias populares só pra ver se compra remédio mais barato, mas acaba mudando de opinião. Melhor deixar pra volta.
A pessoa entra no poupa-tempo e se dirige à praça azul, onde pensa que irá renovar sua carteira de motorista.
Mas antes a pessoa pensa: "com tanta multa, é capaz de perder a carteira agora mesmo."
A pessoa se dirige à uma pessoa de má aparência, que masca chiclete como se fosse uma vaca. Depois de pedir informação à essa pessoa, a outra tem certeza de que ela é realmente uma vaca, tamanha falta de educação.
A pessoa vaca que masca chiclete de boca aberta e demonstra insatisfação em trabalhar no local em questão diz: "acabaram as senhas, senhora. volte amanhã".
A pessoa ainda tenta manter um diálogo com a vaca, mas é ignorada e acha melhor voltar outro dia.
No caminho de volta, pensa: "eita fase que não acaba, mas é surpreendida por seu outro lado Poliana que lhe dá uma bronca". Quando pensa em responder, lembra que a farmácia popular passou e ela não parou.
Pega o metrô e percebe que tem uma mulher completamente vestida de homem, mas que parece mulher. Dá um jeito de olhar debaixo do seu braço, disfarçadamente. Pelos pêlos ralos, confirma sua suspeita. É mulher.
Se distraiu tanto, que a pessoa quase desceu na estação Trianon, mas percebeu o erro a tempo de voltar pro trem e descer na próxima estação.
A pessoa desce a augusta a pé, mas antes pára na Cacau Show para fazer um mimo pra babá que está falando desde dezembro do panetone de chocolate molhadinho.
O panetone de chocolate molhadinho não tem, mas tem esse de maracujá incrível, me diz o moço sorridente, com os dentes separados, da loja.
A pessoa compra o panetone de maracujá e continua descendo a augusta.Mas daí a pessoa pensa: Quer saber?
E a pessoa pára no meio do caminho e abre o panetone de maracujá incrível pra ver se o nervoso passa.
O nervoso da pessoa não passa. O panetone não era incrível e nem tampouco molhadinho.
Sorte que o moço tinha o sorrido bonito. Mesmo tendo dentes separados.

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