quarta-feira, 23 de maio de 2018

Reaprendendo a brincar

Estamos aqui no club med.
Um final de semana comum, sem nenhum feriado no meio.
Contei. São 22 GOs (o nome que eles dão para os instrutores aqui).
Visto que a quantidade de crianças presentes não é lá muito grande, deve ter uma base de um 1 GO para cada 3 pequenas gentes.
22 pessoas que estão aqui justamente pra entreter e contribuir para 2 dias de paz para os pais.
Tem bicicleta, arvorismo, piscina, dança, futebol, vôlei, ping pong, tênis,circo, caiaque, vela, teatro.
E, mesmo com tudo isso, tem 2 crianças entediadas. Pedindo companhia pra brincar, nadar, jogar bola.
Me lembro de passar o dia todo na rua brincando. Me lembro de inventar brincadeiras sozinha. De dar aula, ser jurada de um desfile imaginário, ler um livro, ser vendedora de loja dobrando todas as roupas do armário.
Era auto suficiente na diversão.
Mas hoje, olhando pros meus filhos aqui e la fora, olhando pras outras crianças aqui e fora daqui, me pergunto que geração é essa. Que precisa do outro para se distrair mas anda tão sozinha, distraída pelas telas.
Que geração é essa que demanda, demanda, mas que entrega tão pouco. E que, normalmente, não se entrega.
A sensação é de que todos, com filhos, nos tornamos, em algum momento, os GOs da vida. Buscando programas, jogos, jeitos de entreter nossas crianças.
Nossos finais de semana já nascem programados. Ando em busca da agenda vazia e, por mais que tenha praticado isso em casa constantemente,parece ser pouco.
Porque não basta ter um GO pra brincar. O GO precisa brincar do que eles querem.
E na hora que querem.
Talvez por isso nossos amigos aqui do Club Med não estejam fazendo mais tanto sucesso.
Nos, GOs da vida real, não devemos mais fazer a brincadeira. Mas ensinar a brincar novamente.
Só assim resgataremos os auto-GOs da vida.
Aqueles suficientemente responsáveis por ir em busca da sua própria felicidade.

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