terça-feira, 20 de junho de 2017

Dividindo a vida

Sabe, filho.
Hoje de manhã, enquanto te ajudava a se arrumar, tive muita vontade de te contar sobre as minhas dúvidas, falar sobre os meus medos e aflições.
Sinto que você é um bom ouvinte, filho. E é com você que, muitas vezes, tenho vontade de me abrir.
Mas foi penteando o seu cabelo que me dei conta de que você só tem 8 anos e que as minhas incertezas podem te trazer ainda mais inseguranças. As minhas questões podem esperar. Mas o momento de construir um banquinho firme onde você possa se sentar e respirar paz é agora.
E agora tá difícil, filho.
Porque quem estava com você hoje de manhã era a filha e não a mãe.
E quando ela resolve aparecer pedindo colo tudo fica mais pesado.
Quem sabe vocês não possam se encontrar e dividir alguns segredos?
Quem sabe vocês possam brincar de roda enquanto eu rodopio nas minhas incertezas?
Vocês seriam bons amigos.
Você com a sua maturidade precoce e ela com a sua infantilidade madura.
Dariam uma bela dupla.
Assim como a gente, filho.
É gostoso ver vocês juntos. Podem brincar, eu espero. Brinquem pela vida.
Quando chegar o momento, a gente senta no seu banquinho e conversa. Sobre você, sobre mim, sobre nós.
Sempre serei esse banquinho pra você.
E acredite, filho, já faz tempo que você é o meu.

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