terça-feira, 20 de junho de 2017

A praticidade da dor

"A praticidade da dor"
Você recebe uma notícia difícil de escutar.
Ela ecoa dentro de você causando um tsunami de dor.
Automaticamente toda a água do seu corpo se junta formando ondas de choro que sobem até desaguarem no globo ocular.
Os pensamentos se juntam todos num mesmo lugar, num vídeo-case da sua vida passado num telão que se abre bem na sua frente. Tudo isso em 2 segundos.
Daí você tenta segurar a pressão, equilibrar aquela gota concentrada de tristeza e ela vai recuando, queimando todo o caminho da volta.
Você precisa pensar no próximo passo.
Precisa marcar exames.
Precisa avisar a família.
Reativar contatos.
Cuidar dos trâmites.
Fazer escolhas.
O mundo pede praticidade enquanto você só queria sentar ali no cantinho e chorar.
Tomar um banho de sal grosso fabricado por você.
Relembrar os momentos.
Pensar no “onde foi que eu errei” mesmo não havendo erro algum.
Mas não há tempo.
O resultado tem pressa.
A realidade não espera.
Mas a dor é lenta.
É difícil ser prático quando a alma pede um pouco de burocracia.
Então você se anestesia e resolve, liga, escuta.
O sofrer fica para depois.
Ou não.
Ele vira saudade.

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