terça-feira, 20 de junho de 2017

Fluência

Falo inglês como quem procura letras no teclado.
Pequenos encontros sonoros. Reações químicas que provocam significados.
Falo inglês como quem tira uma música de ouvido no piano.
Frase a frase vou construindo a minha melodia.
No meu tempo.
Com o meu respiro.
As palavras têm tradução simultânea dentro de mim.
E gosto da maneira como elas se combinam quando eu escrevo.
Falando é diferente.
Elas se perdem, se enroscam, procuram abrigo.
As minhas palavras não têm voz.
Sobrevivem de texturas.
De toques.
O meu inglês foi viver fora.
E levou o meu português junto.
Lá eles se entendem.
Ou convivem bem com o silêncio de cada um.
Por aqui, fico com as palavras que reverberam dentro de cada um.
Nesta língua eu sou fluente.
E tenho voz.

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