sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

E ser criança, pode?




Ontem foi o dia que eu desejei que todos os velhos do meu prédio morressem.
Perdão aos politicamente corretos, mas quando a gente está com raiva vale tudo: inclusive desejar isso.
Explico.
Moro num lugar legal, badalado, bonito. O prédio é bem cuidado, tem um jardim bacana e um espação para correr e ser feliz.
Mas descobri que tudo isso é só fachada pra impressionar.
Tenho 2 filhos pequenos, um de 3 anos e outro de 11 meses. E eles gostam de brincar, correr. Gostam de ser crianças. E isso virou um problema aqui no meu prédio.
Explico de novo.
Aqui não tem área de lazer, não pode andar de bicicleta, nem brincar de bola.
Mas pode andar de andador, pode arrastar o pé, pode fazer cara feia pro barulho.
Meu filho convidou uns amiguinhos pra brincar em casa ontem. E quando viram o espação la embaixo, quiseram ficar por la.
Mas logo veio o zelador dizendo:

“Ô donaAnna, nupodenão, hein”.

O que não pode, Samuel?

“Nupodebrincá aquiembaixonão, hein?”

Meus filhos não podem brincar no prédio?

“nuéquenupode. Sóeleseababápode. Mascomosamigonumpode, hein?”

Posso saber por que?

“puqueosmoradordaquinumgostamdebarulhonao, hein?”

Eu fiquei histérica. Blasfemei contra tudo e contra todos, gritei pro prédio todo ouvir:

“Eu quero que os velhos desse prédio morram. Todos eles.”

Peguei as crianças (assustadas com a braveza da tia) e subimos todos aqui pra casa.
Enquanto eles brincavam livres, como criança deve ser, eu sentei no meu computador e escrevi uma carta para entregar aos poucos pais que habitam esse lugar.
Ok, ok, pode ser exagero da minha parte.
Estar em casa tem me feito ver tudo que acontece com uma lente de aumento.
Mas adulto que esquece que já teve infância um dia me irrita profundamente.
Mas sabe o que me irrita mais?
Gente que fica o tempo todo falando que se eu tivesse trabalhando não teria tido essa reação.
Não estou aberta à críticas.
E, antes que eu me esqueça: que morram todos os velhos rabugentos e os novos cheios de opinião pra dar.

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