domingo, 4 de dezembro de 2011

Vovó surfistinha




Estava em Goiânia nas férias passadas e resolvi fazer um agrado pra minha avó: levá-la ao cinema.
Mas como ela não gosta de ler legenda, o filme tinha que ser nacional. Eis que tive a brilhante idéia: vamos ver Bruna Surfistinha. Por que não?
A sessão estava lotada de adolescentes. Sentamos numa poltrona la no meio e só me toquei na besteira que eu fiz quando o filme começou.
Imagine a cena: eu, minha avó, adolescentes e uma cena de sexo atrás da outra ali na tela. A mulher dando pra todo mundo, minha avó me olhando com cara de espanto e eu querendo me esconder ali embaixo da cadeira.
E o pior de tudo é que ela comentava cada cena: “noooossa, nininha, olha isso. Na minha época não tinham essas coisas feias não.”
“Nininha, meu Deus. Que vergonha. Você também faz isso?”
“Nossa, mas ela vai chupar mesmo? Geeeeente...”
“Nininha, você faz isso, eu sei”.
“Gente, mas ela vai se deitar com esse outro também? Com essa fila toda?”
“Esse mundo tá perdido mesmo. Como é que o marido dessa Débora deixou ela fazer esse filme? É por isso que ele se separou dela. Que pouca vergonha.
“Se você não está espantada é porque também faz essas coisas, ne?”

Vamos embora, vó?
“Eu não. E a vergonha? Nós só vamos embora quando todo mundo sair do cinema. Ai, Meu Deus. Com que cara eu vou olhar pras pessoas?”
“Olha, não conta pro seu avô que a gente veio ver esse filme viu?”

Depois de 15 horas o filme acabou. Esperamos todo mundo sair do cinema, como o combinado, e só daí levantamos. A minha avó encabulada, olhando pra baixo de tanta vergonha e eu, já rindo de toda a situação.
Quem levaria uma avó pra assistir Bruna Surfistinha?
Só eu mesmo.
Mas sabe o que foi melhor que ver Bruna Surfistinha com a minha avó? Foi ver o filme com as legendas dela.
Impagável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário